Em algumas conversas com a minha mãe sobre como era sua infância, muitas vezes ela mencionava as tendências de modas que seguia. Estilo gótico, New Wave e muitos outros influenciavam não apenas o modo de vestir, mas também o modo de falar e agir. Ela dizia que ela e as amigas andavam todas com roupas combinando e, na época em que a moda era se vestir de forma similar a Madonna, levavam frascos inteiros de perfumes e os utilizavam na rua mesmo. De certa forma, eu achava isso um pouco estranho e engraçado, pois imaginava que a moda era apenas relacionada às vestimentas. E analisando hoje em dia, percebi que realmente ela não está relacionada apenas a isso, mas também ao modo de falar, como algumas gírias e frases que se tornaram muito populares nos vocabulários, principalmente dos jovens (“Ronaldo”, “Brilha muito no Corinthians”, “Maaaaaais ou menos”, “brisa” e “tipo” são claros exemplos disso). Também é possível ver que a moda está associada ao que se consome.
Atualmente, temos a moda que é conhecida como “Ostentação” que provavelmente surgiu nas periferias das metrópoles do sudeste do Brasil e hoje está espalhada pelo país inteiro. Essa moda está fortemente associada ao estilo musical do Funk, sendo criada a variação desse gênero chamada de Funk Ostentação. As letras dessas músicas tratam de vaidade, exibicionismo e a posse de bens materiais. Com isso, aqueles que seguem essa moda não apenas escutam esse estilo musical, como se vestem de modo característico, com roupas de marcas caras, tênis de R$ 1.000,00, joias e adornos de ouro. Tudo para mostrarem, ou melhor, ostentarem, o seu “poder aquisitivo”.
Claro que só as vestimentas e as músicas não compõem essa moda, existe ainda a necessidade de possuírem aparelhos eletrônicos de última geração e como é uma tendência que atinge majoritariamente os jovens, o que mais se compra para demonstrar sua ostentação são aparelhos celulares para que se possa exibi-los onde quer que estejam.
Pensando nessa questão dos celulares, por curiosidade fui pesquisar o consumo desses aparelhos aqui no Brasil e descobri que, segundo a Anatel, só no mês de Junho desse ano foram ativadas 255,08 mil novas linhas de celular, totalizando 275,71 milhões de linhas, o que dá em média 136,06 linhas para cada 100 habitantes do país, ou seja, se considerarmos uma linha para cada celular, existem mais aparelhos celulares em uso do que pessoas vivendo no Brasil!!!
Sabendo que o consumo dos celulares não é feito somente pelos que aderem essa moda e que, em geral, a sociedade de hoje (não só brasileira, mas mundial) troca de aparelho a cada vez que um modelo novo é lançado, o que será que acontece com os aparelhos que são considerados ultrapassados?
Vamos pensar: se jogarmos os celulares velhos no lixo comum, o que será que isso pode provocar de impactos no meio ambiente, sendo que eles são compostos por substâncias altamente poluentes? Além disso, trocar de celular cada vez que um modelo novo é lançado no mercado não aumenta ainda mais o consumo?
É claro que todas essas informações não se esgotam aqui, o tema é muito mais amplo. Porém, a reflexão que eu quero deixar para vocês não é a de discriminar um estilo, mas sim pensar em algo que só há pouco tempo eu mesma parei para refletir: até que ponto nós chegamos para estar na moda e ser aceito socialmente pelos que a aderem? Qual é o consumo e o impacto que tudo isso gera? E será que tudo isso vale a pena?
Aline Midori
Referências:
http://www.teleco.com.br/ncel.asp# Visualizado em 12/09/2014.
http://blogs.ne10.uol.com.br/mundobit/2014/07/29/mais-de-255-mil-novas-linhas-de-celulares-foram-ativadas-em-junho/ Visualizado em 12/09/2014.
Imagem:
http://25.media.tumblr.com/tumblr_mbag822SbA1r06j8uo1_500.jpg Visualizado em 12/09/2014.
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