Fui assistir no cinema à uma nova versão da Bela e a Fera nesse último
final de semana e até comentei que pela primeira vez não me decepcionei com o
príncipe quando ele deixou de ser a Fera. Em outras versões sempre ficava com a
impressão no final de que a Fera era mais interessante do que o príncipe, que
normalmente se tornava meio “sem sal” como dizem as más línguas. Mas enfim, ainda
que o roteiro não surpreenda, o filme tem uma fotografia linda e traz como
protagonistas Vicent Cassel (Fera) e Léa Seydoux
(Bela).
Nessa versão, o príncipe é amaldiçoado quando por engano mata a própria
esposa grávida em uma caçada à uma corsa dourada, que na verdade era a própria
rainha, uma ninfa da floresta que tinha recebido autorização de seu pai para
tomar a forma humana e aprender o que era o amor humano. O filme é interessante
do ponto de vista didático-pedagógico pois a partir do mesmo é possível se
fazer diferentes abordagens. Mas uma que nos interessa particularmente é a que
se refere à problemática ambiental, pois durante o seu desenrolar é possível
perceber a cupidez humana, o que explicita a relação estabelecida com a
natureza dentro da poética do filme.
Outra questão interessante, mas agora de cunho mais pessoal é que
decididamente deixei os meus dias de princesa para trás. Pois, pela primeira
vez também não me identifiquei com a Bela, mas me vi refletida na Fera o que me
levou à seguinte pergunta: o quanto há de Fera e Bela em cada um nós? Eu sei
que é uma pergunta um tanto quanto maniqueísta, mas pense um pouco a respeito,
pois temos um pouco dos dois habitando em nós.
Por fim, o quanto somos predadores consumistas em nosso dia a dia? É possível
negar que somos? Decididamente acredito que não, pois da mesma forma que a Fera
cai vorazmente em cima de sua presa, da mesma forma caímos nós em cima dos
nossos objetos de desejos. Portanto, a pergunta que fica para reflexão é: temos
consciência disso? Pois a consciência é o primeiro passo para tomadas de
decisões mais refletidas
Luciana Farias
Gostei muito dessa critica, um olhar bastante reflexivo sobre o filme, que aliás, gostei bastante.
ResponderExcluirValeu Ananda! ;-)
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