28 de março de 2016

The 100 – 97 anos após a destruição da Terra ...


 
The 100 (The hundred) é uma série Americana, exibida pelo canal The CW, lançada no Brasil em 2015 e baseada nos livros de Kass Morgan.

A série mostra um cenário fictício onde a Terra foi arena de uma terrível guerra nuclear, há 97 anos, a partir da qual passou-se a acreditar que quase toda a população foi extinta e que os únicos sobreviventes seriam uma população que escapou por ter sido enviada ao espaço antes da guerra. Essa população estava distribuída em 12 estações espaciais, representando 12 países, em órbita da planeta, sendo que após o desastre as estações se uniram formando um complexo chamado “Arca’, onde aproximadamente 400 pessoas ficaram abrigadas no espaço.

Entretanto, com o passar dos anos, a população aumentou muito e a capacidade de filtração dos gases na estação passou a diminuir, fazendo com que fosse necessário reduzir o número de pessoas, pois logo, logo, não haveria oxigênio para todos.

Agora com recursos limitados e a população crescendo, os líderes governamentais dessas estações sabiam que precisavam retornar à sua terra natal antes que fosse tarde demais. Mas quem iria? Ninguém sabia as condições ambientais da Terra outrora quase destruída, ou até mesmo se, o planeta há muito abandonado se tornaria habitável novamente. Para garantir o futuro, 100 jovens, considerados “infratores”, foram enviados para a Terra com a missão de verificar as condições de vida no planeta. No planeta os jovens se deparam com níveis de radiação suportáveis e passam a explorar o local. Mais tarde eles descobrem que não estão sozinhos, o que se pensava era que talvez o planeta fosse inabitável, mas acaba ocorrendo o contrário.

Os jovens passam a descobrir animais que ainda apresentam mutações decorrentes da radiação do planeta e os chamados “Groundres” ou Terra-firmes, sobreviventes que passaram a viver como selvagens e que consideram a presença dos jovens, denominados de povo do céu, como invasores e, portanto, inimigos. Além disso eles vão passar por várias situações que mostram as dificuldades da sobrevivência no local.

Saindo um pouco da fantasia e vendo a série com olhos mais críticos podemos parar e refletir como a sociedade da época atingiu o ápice da autodestruição, o quão longe os conflitos chegaram e ao mesmo tempo observar algo importante: com a sobrevivência da raça humana em suas mãos, como os jovens enviados precisam superar suas diferenças e unir forças para cruzar juntos o seu caminho de modo a enviarem uma mensagem às estações dizendo que o planeta era habitável.

É também muito interessante observar que após um período de 97 anos o planeta ainda guardava inúmeras marcas do que aconteceu, tornando-se aparentemente “selvagem e primitivo” novamente. As aspas nas palavras selvagem e primitivo são por conta que temos a crença de que a maior parte da natureza era primitiva e estava intacta antes do desenvolvimento de grandes sociedades humanas. Mas dois estudos publicados em 2013 sugerem que podemos estar enganados. Em um deles, Erle Ellis, geógrafo na Universidade de Maryland, Baltimore County (University of Maryland, Baltimore County) e seus colegas calcularam que pelo menos um quinto da terra em todo o mundo foi transformado por humanos há 5000 anos atrás – uma proporção que os estudos anteriores sobre o uso histórico da terra assumiu ter sido atingida somente nos últimos 100 anos. Não consegui deixar de associar esse trabalho com a história da série. Quais serão as reflexões feitas 5000 anos depois dessa destruição?

O outro trabalho, Novel Ecosystems, livro editado pela Universidade da Austrália Ocidental, mostra quantos ecossistemas superficialmente naturais são fortemente influenciados pela introdução de espécies estranhas. Quer tenham sido intencionais ou acidentais, a maior parte das introduções parecem ter origens humanas, segundo reflexões feitas no livro. Um dos autores do trabalho comenta, inclusive, que é muito desconcertante pensar que em muitas partes do mundo, o ‘lado selvagem’ que nós normalmente nos referimos anteriormente nunca existiu.

E é assim que eu deixo o meu convite a todos para que assistam a série, mas que não deixem de observar os detalhes que envolvem a relação ser humano-meio ambiente e relacioná-los com trabalhos científicos atuais, gerando e aprofundando debates na área de educação ambiental. Garanto que assim vão poder refletir a respeito de muitas coisas importantes sem deixar de se divertir.

Larissa Rodrigues

Fonte da imagem: https://tvcinemaemusica.wordpress.com/2014/03/22/serie-nova-the-100-1x01-pilot/

Um comentário:

  1. Uma dica, este artigo ( A QUÍMICA NAS SÉRIES DE TV: UM RECURSO PARA PROMOVER A APRENDIZAGEM TANGENCIAL DE PORTNOW E FLOYD NO ENSINO DE QUÍMICA) fala um pouco sobre The 100 no ensino de química
    http://if.ufmt.br/eenci/artigos/Artigo_ID378/v12_n5_a2017.pdf

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