24 de março de 2014

Belo Monte


     Você sabe o que é uma usina hidrelétrica ou central hidroelétrica?
     É um conjunto complexo de obras e equipamentos que geram energia elétrica através do potencial hidráulico existente em um rio de níveis naturais, queda d’água ou artificiais.
     Para sua construção é necessário principalmente o alagamento de uma área (barragem) para o reservatório, o que implica no desvio das águas do rio.

     A energia hidráulica é convertida em energia mecânica por meio de uma turbina e posteriormente convertida em energia elétrica através de um gerador.A energia gerada é então transmitida para uma ou mais linhas de transmissão que é interligada à rede de distribuição. 

     Agora que já sabemos como funciona uma usina, devemos nos perguntar: Onde uma obra tão grande e complexa como essa pode ser construída? E quanto à área de alagamento? Alguém morava ali? Animais, pessoas? E as águas que serão desviadas? Os peixes vão poder viver nessas “novas águas”?
     Pois é... São exatamente essas questões que assombram a eterna construção da Usina Belo Monte, localizada em uma das mais importantes afluentes do Rio Amazonas, o Rio Xingu que se estendepelos estados do Pará e Mato Grosso.
     Desde 1980 discute-se a construção da usina. Especialistas ambientais, ministério público, ONGs, movimentos socias, entre outros, apontam grandes impactos sobre essa região.
     A tabela abaixo mostra a construção x impactosdiscutidos de maneira simples.
O projeto da usina
Impactos
Com cinco pontos de construção, a usina terá um reservatório principal, um canal de derivação, um vertedouro (serve para escoar a água em excesso que chega ao reservatório) e uma casa de força. Com essas obras serão criados mais de 40 mil empregos diretos e indiretos.
Além da destruição da floresta devido à construção da usina, haverá uma ocupação desordenada das áreas do entorno de
Belo Monte, incentivada pela chegadade migrantes e pela construção de vilas, o que intensificará ainda mais o desmatamento.

A hidrelétrica terá dois lagos: osreservatórios do Xingu e dos Canais. Com a construção da barragemprincipal, a calha do rio será alargada.A partir do bloqueio, as águas serãodesviadas para um canal.
A barragem do rio Xingu causará a inundação constante dos igarapés de Altamira (cidade próxima a construção) - e não sazonal, como de costume. Com o bloqueio do rio, um trecho de 100 km terá a vazão reduzida e pode até secar.
Com 130 m de largura, 20 km deextensão e 27 m de profundidade, ocanal vai alterar o leito original dorio. Sua função é levar a água para acasa de força principal, onde ficam asturbinas da usina.
Segundo a ONG Conservação Internacional, nas escavações para a construção do canal será removido 100 milhões de metros cúbicos de água – que encheriam 40 mil piscinas olímpicas.
O coração da usina, as turbinas, irá gerar 11 mil MW – suficiente paraabastecer duas cidades como SãoPaulo todos os dias. Uma casa de forçacomplementar, no reservatório doXingu, terá potência de 233 MW.
-A usina não poderá operar a todo vapor durante o ano. No período de estiagem (seis meses), ela deverá gerar, em média, 4.428 MW – contra os 11.233 MW do projeto original;
-Em torno de 13 mil índios de 24 grupos étnicos que vivem às margens do Xingu terão a pesca e a navegação prejudicadas;
-Enfileiradas, as piscinas atingiriam o comprimento de 2 mil km – distância equivalente a ir e voltar de São Paulo a Porto Alegre;
-Em capacidade, a hidrelétrica só perderá para Itaipu, que tem 14 mil MW

     Esses dados foram retirados principalmente do Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da Usina de Belo Monte, em que especialistas de todas as áreas trabalham em pró da proteção ao meio ambiente, comunidades ribeirinhas e aos índios.
     Infelizmente a construção da usina inserida no programa de aceleração do crescimento (PAC), foi concebida em 2011 sob a defesa de que o país precisa de mais energia, uma vez que a demanda deve crescer 2,2% ao ano até 2035, sendo que em 2010 já subiu 7,8%, segundo a Agência internacional de Energia.
     Com a construção de 45% da obra, os problemas previstos se alastraram pela cidade de Altamira e comunidades indígenas (ao redor da construção 9 povos indígenas estão totalmente desprovidos de abrigo).
      A obrigação da empresa Norte Energia (empresa responsável pela obra) de estruturar a Funai (Fundação Nacional do Índio) em Altamira nunca saiu do papel, além disso há um crescimento desordenado da população em Altamira e invasões constantes em terras indígenas.
     Outro grande problema são os animais terrestres. Por conta da inundação, são mais de 400 espécies de aves e 200 de mamíferos atingidos, e animais aquáticos que correm risco de extinção devido à transferência das águas e mudança de correntes.
     São tantos os problemas socioambientais que devemos nos perguntar: será que não havia outras formas de se gerar energia para aquela região?
Biomassa, energia eólica, campanha de redução de consumo são alternativas viáveis a esse tipo de construções.
     Nesse exato momento parte da floresta Amazônica está sendo desmatada por muitos motivos e um deles é essa enorme construção que poderia ser evitada!
O tema do texto é antigo e as conseqüências também e mesmo assim continuam acontecendo... Até quando vamos ignorar ou nem sequer tomar conhecimento de problemas que afetam o coração do Brasil?

                                                                      Ane Caroline Oliveira

Referências Bibliográficas:

Telma Monteiro - Belo Monte ainda é uma triste história sem final definido – www.telmadmonteiro.blogspot.in/2011/09/belo-monte-ainda-e-uma-triste-historia.html?m-1

Planeta Sustentável – Qual será o impacto ecológico da Usina Belo Monte? – www.planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/qual-sera-impacto-ecologico-usina-belo-monte-630640.shtml

Usina Hidrelétrica - www.dee.feis.unesp.br/usinaecoeletrica/index.php/hidreletrica

Norte Energia – www.blogbelomonte.com.br

Relatório de Impacto Ambiental (rima) da Usina Belo Monte

Entrevista com Célio Bermann professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP – www.viomundo.com.br/entrevistas/celio-berman-investir-em-biomassa-e-no-combate-ao-desperdicio.html

Imagens - www.dee.feis.unesp.br/usinaecoeletrica/index.php/hidreletrica

Imagem principal - http://blogbelomonte.com.br/wp-content/uploads/2013/04/belomonte.jpg

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