13 de dezembro de 2015

COP 21 e o desafio da economia de baixo carbono



A  21ª Conferência do Clima que acontece desde o dia 30 de novembro em Paris, denominada COP 21, reuniu líderes internacionais, chefes de estado e negociadores do clima em grupos temáticos e fóruns de discussão sobre o atual estado climático do planeta, os níveis de emissão de gases do efeito estufa e as metas para diminuição das emissões, rediscutindo o atual cenário das mudanças ambientais globais e o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC).
Entre as dificuldades apontadas na COP 21, ao mesmo tempo em que há um movimento muito forte e bem delineado na direção da economia de baixo carbono por parte dos investidores e das principais transnacionais do mundo, existe também um temor acerca do desconhecido em relação à essa economia de baixo carbono.
Esse temor se refere ao fato de que se trata de uma modalidade nova com a qual o mercado está dialogando, de maneira que não é possível prever o quanto e nem em que sentido pode ocorrer o desenvolvimento desta economia de baixo carbono. Portanto, embora se reconheça o enorme potencial e haja um interesse de mudar o atual modelo para o de baixo carbono, há uma dificuldade de estabelecer sua credibilidade.
Além disto, há uma discussão que envolve os Estados mundiais que diz respeito à redução das emissões por meio da contribuição financeira dos países com os fundos internacionais responsáveis pelo financiamento das iniciativas de redução, mitigação e adaptação às emissões de gases. A questão é que para os países em desenvolvimento, com economias emergentes, não parece justo que haja uma contribuição obrigatória ao mesmo tempo em que o país assume compromissos com a redução das emissões.
Acredita-se que os países desenvolvidos, poluem há mais tempo e em maior quantidade e intensidade contribuindo para as mudanças climáticas devendo se comprometer com as metas de redução e com os fundos internacionais, ao mesmo tempo que os emergentes aceitem assumir compromissos com as metas estabelecidas.
Para liderar a discussão que procura alcançar o consenso entre as nações mais ricas e os países emergentes com economias mais pobres a COP 21 designou a Ministra de Estado do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira, juntamente com o Ministro de Relações Exteriores de Cingapura.
A Ministra ressaltou que a posição do Brasil é a defendida pelos países emergentes, a não obrigatoriedade da doação financeira, assumindo o compromisso com as metas de redução e defendendo uma cooperação Sul-Sul na redução de emissões, garantindo que os países em desenvolvimento possam ajudar-se com igualdade na redução das emissões, sem que haja uma desigualdade de compromissos e oportunidades diante das mudanças climáticas globais.
Além deste grupo de trabalho estão funcionando também outros três que buscam solucionar outros entraves referentes ao Clima. Liderado por Alemanha e Gabão há um grupo tentando fechar questão sobre a implementação, o financiamento, a capacitação e a transferência de tecnologia necessária à preparação dos países emergentes para combater as mudanças climáticas.
Existe outro grupo voltado a discutir metas mais ambiciosas de redução das emissões até 2020, responsabilizando-se pelas ações de curto e médio prazo, ainda não há países liderando suas discussões.
O mesmo acontece com o terceiro grupo, responsável por discutir as ações de longo prazo, preocupado com o cenário no pós-2030 e com a construção de perspectivas de emissão zero entre 2060 e 2080, grupo para o qual também não existem países liderando as discussões.
Assim, antes mesmo do encerramento da COP 21 e das contribuições finais que virão, verificamos que há uma baixa adesão dos líderes mundiais aos acordos e compromissos, sobretudo porque os diferentes interesses colocados em questão emperram acordos, dificultam convergências e impossibilitam uma efetividade das discussões em âmbito global.
O interesse dos mercados sobre a discussão climática reside na preocupação mantida por eles acerca de preservar os lucros mesmo em uma economia de baixo carbono e portanto, todo o temor e a repulsa aos riscos que esse modelo de transição oferece, demonstrando que o mercado internacional e os investidores não estão na Conferência pelo clima, mas pela defesa de seus interesses econômicos em meio a este debate.
Assim, em mais uma oportunidade verificamos o quanto as discussões climáticas ainda são difíceis quando todos os múltiplos interesses se colocam, deixando claro que tanto a redução de emissões quanto a transição necessária para a economia de baixo carbono são ainda enormes desafios.

Rafaella Ayllón

Nenhum comentário:

Postar um comentário