Tomei contato com a filosofia
durante o ensino médio, matéria que muito me agradava, mas nem tanto aos meus
colegas. Durante esse período pude compreender um pouco de sua base,
considerando-a o estudo do conhecimento, existência, verdade, valores morais e
éticos, linguagem e inúmeros outros pontos. E a partir disso mergulhei em um
mundo de correntes filosóficas e filósofos que já existiram e existem.
Com o tempo percebi que a
filosofia estava ainda mais perto de mim do que somente por meio das palavras
que eu lia nos livros, haja vista que compreendi que podemos encontrá-la nas nossas
ações, na nossa linha de pensamento, no comportamento de pessoas que conhecemos,
nas formas de como as instituições lidam com a burocracia e vários outros
casos.
Sei que isso ainda pode parecer
muito abstrato, por isso comecei a relacionar corrente filosóficas com casos
reais que permeiam a temática ambiental a qual tanto me interessa e por vezes
também se torna tão distante da consciência humana quanto à própria filosofia. Citarei
dois casos que podem ser interpretados conforme esta proposta.
Aristóteles considerava o ser
humano como parte integrada da natureza, e que qualquer coisa pertencente à
natureza deve realizar seu potencial, fato que no caso dos seres humanos iria
depender da tomada de decisões corretas, baseando-se na moderação e equilíbrio.
Conforme nosso modelo atual de sociedade, se ver pertencente à natureza é muito
difícil, muitas vezes somos levados a apenas explorá-la como um recurso a qual
nos pertence ou mantê-la distante, como um ambiente do qual não podemos nos
incluir sem destruir, e certamente esse distanciamento independente de por qual
maneira está diminuindo nossa qualidade de vida, sendo assim talvez adotando
uma postura consciente e equilibrada da qual Aristóteles fala, possamos ser
capazes de retomar nosso potencial de forma integrada ao meio.
Espinosa não abordou diretamente
sobre a temática, mas realizou críticas importantes a um novo período de
conhecimento que visava o domínio da natureza em benefício do homem, um combate
ao antropocentrismo que deixou claras constatações sobre um avanço tecnológico
apoiado por uma lógica capitalista, que gerou nosso conhecido sistema de
degradação ambiental. Este autor também aborda inúmeros comportamentos humanos,
incluindo a felicidade e desejo, que conforme sua demonstração pode ser
facilmente conectada a questão do consumismo, na qual somos diariamente
expostos a uma inúmera quantidade de produtos que às vezes não precisamos, mas
desejamos porque de alguma forma a ele foi atrelado o sentido de felicidade,
porém felicidade que se esvai a cada nova vontade de consumir.
Esses foram apenas dois casos,
mas essa relação pode ser feita com base em inúmeras outras perspectivas ou constatações,
e aí está a parte fundamental da filosofia, o pensamento, mas fundamentalmente
tratando-se de um pensamento bem embasado, na qual possam ser construídas
pontes e trilhas bem claras de raciocínio. A filosofia está nas pessoas e no
meio ambiente, sendo assim podem se complementar e com isso desejo que ambos
ganhem maior respeito e reconhecimento.
A filosofia estimula o pensamento
crítico e a reflexão, características fundamentais em tomadas de decisões,
previsões e expectativas sobre o futuro, conhecer e compreender é o inicio de
qualquer desenvolvimento lógico, emocional, tecnológico e ambiental.
Fonte Imagem:
Pensar
o Ambiente: bases filosóficas para a Educação Ambiental. / Organização: Isabel
Cristina Moura de Carvalho, Mauro Grün e Rachel Trajber. - Brasília: Ministério
da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade,
UNESCO, 2006.
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