O
que você faz com seu óleo de cozinha? Recicla, doa, vende, ou ainda, o descarta
em alguma rede de esgoto ou terreno próximo? Se, individualmente, o consumo de
óleo comestível é grande, imagine o uso de grandes estabelecimentos comerciais?!
Fui
provocada recentemente por uma atitude muito interessante da minha mãe, no qual
ela veio com uma receitinha simples de produção de sabão doméstico, do qual ela
retirou da internet, falando que estava precisando fazer uso do óleo já
utilizado. Ela seguiu etapa por etapa, e conseguiu um produto de qualidade (segundo
ela), no qual suscitou o questionamento sobre o porquê de todos não aderirem
tal postura, não necessariamente de produzir o sabão, mas ao menos armazená-lo
e destiná-lo corretamente; e ainda, como óleo que engordura tudo pode se
transformar em um produto que auxilia na sua própria limpeza.
Na
realidade, tal prática já é conhecida a muito tempo, sendo que até os dias
atuais a grande questão que envolve este resíduo proveniente de fontes
residenciais e comerciais é a sua destinação pós uso, sendo que o descarte
indevido, como por exemplo, o direcionamento para as redes de esgoto, prejudica
o sistema em seu pleno funcionamento, contribuindo para o entupimento das
tubulações, assim como são responsáveis pelo odor desagradável (ALBERICI & PONTES,
2004). Há ainda quem o descarte em terrenos próximos, fazendo com que tal
resíduo entre em contato com o solo, podendo impermeabiliza-lo, repercutindo na
interferência do fluxo da água por entre os poros.
Quando
tal resíduo é descartado e/ou atinge os corpos hídricos, o mesmo tem a
capacidade de formar uma barreira que dificulta a passagem de luz, como também
influencia na oxigenação da água, devido à densidade da água ser superior à do
óleo, repercutindo na qualidade do corpo d’água, assim como interfere no pleno
desenvolvimento das comunidades aquáticas, como por exemplo, os peixes
(ALBERICI & PONTES, 2004).
Para
quem não sabe, o nosso óleo comestível pós uso pode ser destinado a pontos de
entrega voluntária ou vendido para a reciclagem, no qual o resíduo pode ser
reaproveitado a partir do processamento do mesmo visando um novo tipo de uso,
sendo, neste caso, o óleo destinado à fabricação de sabão ecológico, podendo
gerar uma renda extra ou ainda, produzir o sabão para consumo próprio. Se você
não conhece um ponto de entrega de óleo, tal informação pode ser consultada
pelo site Óleo Sustentável (http://www.oleosustentavel.org.br/#postos-coleta).
O
óleo que engordura tudo, pode se transformar em um produto que auxilia na
limpeza devido a formação de um composto, que é gerado a partir da reação de
saponificação, e se torna vantajoso ambientalmente falando, visto que seu tempo
de permanência no ambiente é menor que um dia, sendo mais facilmente degradado,
devido às suas características químicas possibilitarem uma degradação mais
eficiente por parte das bactérias (BALDASSO, PARADELA e HUSSAR, 2010).
Todavia,
a fabricação do sabão envolve em seu processo uma substância tóxica responsável
por muitos acidentes domésticos, a soda cáustica. Tal substância tem o
potencial de lesar tanto a pele como os olhos de quem a manipula, a partir da
desidratação intensa, saponificação da gordura corporal responsável pelo
isolamento térmico e a inativação das proteínas enzimáticas (ZANASI JR, 2010
apud VITORI e FRADE, 2015). Exigindo, portanto, cuidados especiais para que acidentes
não aconteçam, assim como, atentar-se às proporções indicadas, visto que sua
alteração pode causar irritações na pele e corrosão de tecidos e/ou materiais,
devendo seguir exigências da Anvisa (AKIRA, 2013). Akira (2013) explica que a
quantidade de soda é o responsável por diversos problemas citados
anteriormente, sendo que a determinação do índice de saponificação já
resolveria tal impasse, adotando 0,136g de soda para cada grama de óleo (Xg de
óleo x 0,136= Yg e soda).
Dessa
maneira, a reciclagem do resíduo acaba sendo bastante vantajosa, principalmente,
para o meio ambiente. Auxiliando na conservação pela minimização dos impactos e
pressões humanas que exercemos sobre o meio ambiente a partir de atitudes
simples, como por exemplo a reciclagem de um resíduo.
Se
você quer aprender como fazer um sabão ecológico caseiro, segue uma receitinha.
Lembrando que, existem várias receitas de reciclagem de óleo usado, porém, o
importante é atentar-se aos cuidados exigidos no manuseio da soda cáustica e às
quantidades necessárias para a fabricação do sabão.
Aline Vicentin
Referências
AKIRA,
Roberto. Sabão de óleo usado – perigo
das fórmulas que estão por aí!. Disponível em:< http://www.japudo.com.br/2013/12/29/sabao-de-oleo-usado-perigo-das-formulas-que-estao-por-ai/
>. Acesso em: 02, out., 2016.
ALBERICI,
R. M. e PONTES, F. F. F. Reciclagem de
óleo comestível usado através da fabricação de sabão. 2004. Revista Oficial
do curso de Engenharia Ambiental – CREUPI. Engenharia Ambiental: Pesquisa e
Tecnologia. Espírito Santo do Pinhal, SP.
BALDASSO,
E.; PARADELA, A. L.; HUSSAR, G. J. Reaproveitamento
de óleo de fritura na fabricação de sabão. 2010. Engenharia Ambiental -
Espírito Santo do Pinhal, v. 7, n. 1, p. 216-228, jan./mar. 2010.
VITORI, Tássia Regina Santos; FRADE, Rodrigo Itaboray. Análise de Ingredientes e Processo de
Produção de Sabão a partir do Óleo de Cozinha usado. Disponível em: <
https://ldoih.files.wordpress.com/2012/08/tcc-tc3a1ssia-26-de-junho-final.pdf>.
Acesso em: 02, out., 2016.
Fonte Imagens e Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=26CyIo8nr4Q
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