3 de outubro de 2016

O que você faz com seu óleo de cozinha usado?


O que você faz com seu óleo de cozinha? Recicla, doa, vende, ou ainda, o descarta em alguma rede de esgoto ou terreno próximo? Se, individualmente, o consumo de óleo comestível é grande, imagine o uso de grandes estabelecimentos comerciais?!
Fui provocada recentemente por uma atitude muito interessante da minha mãe, no qual ela veio com uma receitinha simples de produção de sabão doméstico, do qual ela retirou da internet, falando que estava precisando fazer uso do óleo já utilizado. Ela seguiu etapa por etapa, e conseguiu um produto de qualidade (segundo ela), no qual suscitou o questionamento sobre o porquê de todos não aderirem tal postura, não necessariamente de produzir o sabão, mas ao menos armazená-lo e destiná-lo corretamente; e ainda, como óleo que engordura tudo pode se transformar em um produto que auxilia na sua própria limpeza.

 
 

Na realidade, tal prática já é conhecida a muito tempo, sendo que até os dias atuais a grande questão que envolve este resíduo proveniente de fontes residenciais e comerciais é a sua destinação pós uso, sendo que o descarte indevido, como por exemplo, o direcionamento para as redes de esgoto, prejudica o sistema em seu pleno funcionamento, contribuindo para o entupimento das tubulações, assim como são responsáveis pelo odor desagradável (ALBERICI & PONTES, 2004). Há ainda quem o descarte em terrenos próximos, fazendo com que tal resíduo entre em contato com o solo, podendo impermeabiliza-lo, repercutindo na interferência do fluxo da água por entre os poros.
 
 
Quando tal resíduo é descartado e/ou atinge os corpos hídricos, o mesmo tem a capacidade de formar uma barreira que dificulta a passagem de luz, como também influencia na oxigenação da água, devido à densidade da água ser superior à do óleo, repercutindo na qualidade do corpo d’água, assim como interfere no pleno desenvolvimento das comunidades aquáticas, como por exemplo, os peixes (ALBERICI & PONTES, 2004).
Para quem não sabe, o nosso óleo comestível pós uso pode ser destinado a pontos de entrega voluntária ou vendido para a reciclagem, no qual o resíduo pode ser reaproveitado a partir do processamento do mesmo visando um novo tipo de uso, sendo, neste caso, o óleo destinado à fabricação de sabão ecológico, podendo gerar uma renda extra ou ainda, produzir o sabão para consumo próprio. Se você não conhece um ponto de entrega de óleo, tal informação pode ser consultada pelo site Óleo Sustentável (http://www.oleosustentavel.org.br/#postos-coleta).
O óleo que engordura tudo, pode se transformar em um produto que auxilia na limpeza devido a formação de um composto, que é gerado a partir da reação de saponificação, e se torna vantajoso ambientalmente falando, visto que seu tempo de permanência no ambiente é menor que um dia, sendo mais facilmente degradado, devido às suas características químicas possibilitarem uma degradação mais eficiente por parte das bactérias (BALDASSO, PARADELA e HUSSAR, 2010).
Todavia, a fabricação do sabão envolve em seu processo uma substância tóxica responsável por muitos acidentes domésticos, a soda cáustica. Tal substância tem o potencial de lesar tanto a pele como os olhos de quem a manipula, a partir da desidratação intensa, saponificação da gordura corporal responsável pelo isolamento térmico e a inativação das proteínas enzimáticas (ZANASI JR, 2010 apud VITORI e FRADE, 2015). Exigindo, portanto, cuidados especiais para que acidentes não aconteçam, assim como, atentar-se às proporções indicadas, visto que sua alteração pode causar irritações na pele e corrosão de tecidos e/ou materiais, devendo seguir exigências da Anvisa (AKIRA, 2013). Akira (2013) explica que a quantidade de soda é o responsável por diversos problemas citados anteriormente, sendo que a determinação do índice de saponificação já resolveria tal impasse, adotando 0,136g de soda para cada grama de óleo (Xg de óleo x 0,136= Yg e soda).
Dessa maneira, a reciclagem do resíduo acaba sendo bastante vantajosa, principalmente, para o meio ambiente. Auxiliando na conservação pela minimização dos impactos e pressões humanas que exercemos sobre o meio ambiente a partir de atitudes simples, como por exemplo a reciclagem de um resíduo.
Se você quer aprender como fazer um sabão ecológico caseiro, segue uma receitinha. Lembrando que, existem várias receitas de reciclagem de óleo usado, porém, o importante é atentar-se aos cuidados exigidos no manuseio da soda cáustica e às quantidades necessárias para a fabricação do sabão.
 

Aline Vicentin
 
Referências
 
AKIRA, Roberto. Sabão de óleo usado – perigo das fórmulas que estão por aí!. Disponível em:< http://www.japudo.com.br/2013/12/29/sabao-de-oleo-usado-perigo-das-formulas-que-estao-por-ai/ >. Acesso em: 02, out., 2016.
ALBERICI, R. M. e PONTES, F. F. F. Reciclagem de óleo comestível usado através da fabricação de sabão. 2004. Revista Oficial do curso de Engenharia Ambiental – CREUPI. Engenharia Ambiental: Pesquisa e Tecnologia. Espírito Santo do Pinhal, SP.
BALDASSO, E.; PARADELA, A. L.; HUSSAR, G. J. Reaproveitamento de óleo de fritura na fabricação de sabão. 2010. Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 7, n. 1, p. 216-228, jan./mar. 2010.
VITORI, Tássia Regina Santos; FRADE, Rodrigo Itaboray. Análise de Ingredientes e Processo de Produção de Sabão a partir do Óleo de Cozinha usado. Disponível em: < https://ldoih.files.wordpress.com/2012/08/tcc-tc3a1ssia-26-de-junho-final.pdf>. Acesso em: 02, out., 2016.
Fonte Imagens e Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=26CyIo8nr4Q
 

 

 

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