7 de novembro de 2016

A Evolução da Medicina Dará Conta dos Nossos Atos Irresponsáveis?

É fato que a medicina e as doenças sempre correram lado a lado com a evolução do ser humano, desde os tempos mais antigos quando médicos ainda eram chamados de curandeiros. Na verdade, a medicina teria surgido há aproximadamente 2500 anos, segundo GONÇALVES, e de lá para cá, diversos tipos de remédios e tratamentos foram utilizados, sendo alguns considerados absurdos nos dias de hoje.
Entretanto, é inegável que inúmeras vidas foram salvas por antibióticos desde meados do século 20. Porém algumas questões raramente são levantadas: O que uma exposição tão longa aos mesmos métodos pode trazer para as próximas gerações? Existe realmente possibilidade de surgimento de bactérias e patógenos resistentes aos antibióticos comuns? Quais são as alternativas no caso de algo assim ocorrer? A sociedade, sobretudo no Brasil, está preparada para lidar com isso? Essas questões, apesar de fundamental importância muitas vezes não são conhecidas pelas pessoas, mas o seu potencial de vida está diminuindo rapidamente com o aumento da resistência bacteriana.
No ano passado, as Nações Unidas declararam o problema como uma “grave ameaça” para a saúde global. Várias linhas de evidências mostram que os antibióticos fazem uma seleção a favor das bactérias resistentes e que as populações de bactérias evoluem em favor a ela. Com essa informação é possível dizer que apesar de ser custoso e demorado para que as bactérias evoluam a tal ponto que consigam criar uma resistência quase total da espécie aos antibióticos, se continuarmos utilizando os mesmos tratamentos (como a penicilina que é usada a mais de 70 anos), uma hora as bactérias/protozoários se tornarão resistentes a esses tratamentos, e então a medicina deverá ter um plano B para a cura dessas doenças.
Um caso presenciado no Brasil foi o surgimento de uma “superbactéria” em um hospital no Rio Grande do Sul, segundo reportagem do programa “Bom Dia Brasil” da Rede Globo. Essa bactéria produz uma substância que inibe a ação até mesmo dos antibióticos mais potentes, e serve para alertar que a evolução das bactérias existe e está cada vez mais próxima do ápice (resistência total aos remédios usados)
Dentro desse conhecimento sobre uma possível resistência de bactérias aos fármacos utilizados atualmente, podemos especular que gerações futuras ficarão sem acesso aos tratamentos convencionais e terão de esperar a evolução da medicina trazer/desenvolver técnicas alternativas de combate as doenças resistentes.
Todavia, reportagem de Simon Redfern da “BBC Brasil”, cientistas da Califórnia encontraram um novo antibiótico que é extraído de um microrganismo encontrado em sedimentos do mar. Segundo pesquisas realizadas, esse antibiótico parece ser efetivo no combate ao Staphylococcus aureus, bactéria de fácil contaminação e que pode gerar infecções difíceis de tratar, já que se tornou resistente a quase todos os antibióticos disponíveis na atualidade. Isso mostra que ambientes marinhos são uma importante fonte para produção de futuros fármacos, visto que possui diversas e enormes áreas inexploradas.
Mas quais são os fatores que contribuem para o aumento dessa resistência? Dentre as possíveis causas e/ou contribuições para essa resistência das bactérias aos antibióticos, podemos citar principalmente o uso inadequado de fármacos, bem como o descarte incorreto dos mesmos. A falta de informação das pessoas aliada às condições precárias (saneamento básico, rede de esgoto) e um grande descaso por parte do governo com a as áreas da educação e da saúde, acaba gerando uma cadeia de atitudes incorretas que podem contribuir para o problema em questão (KORB & GELLER).
Enfim, podemos concluir que o problema da resistência dos patógenos abrange a população como um todo e também iniciativas por parte do governo. Atitudes como a criação de programas de educação ambiental para uma sensibilização das pessoas acerca de suas atitudes quanto ao descarte de fármacos, bem como uma maior disponibilização e aumento do acesso à informação acerca do perigo da automedicação, alertando para o consumo inadequado principalmente dos antibióticos, são de fundamental importância para que possamos repensar nossas atitudes e com isso o problema possa ser minimizado no futuro.
Gabriel Rezende
 
 Referências Bibliográficas
 GONÇALVES, Adrelírio José Rios. Algumas considerações sobre a evolução das doenças infecciosas nos últimos 500 anos. Hospital Federal dos Servidores do Estado, 2013.
REDFERN, Simon. Novo antibiótico que ataca superbactéria é encontrado no mar. Reportagem BBC Brasil, 2013. Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/08/130801_antibiotico_fundo_mar_gm.shtml. Acesso em: 03 de nov. 2016.
BOM DIA BRASIL, Rede Globo de comunicação. Superbactéria resistente a antibióticos é encontrada em hospital no RS. 2013. Disponível em: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2013/05/superbacteria-resistente-antibioticos-e-encontrada-em-hospital-no-rs.html. Acesso em: 03 de nov. 2016.
KORB, A. & GELLER, B.M.R. O conhecimento como fator determinante para o enfrentamento dos problemas ambientais e de saúde. IX CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. III ENCONTRO SUL BRASILEIRO DE PSICOPEDAGOGIA, 2009.
 
Fonte da Imagem:

Nenhum comentário:

Postar um comentário