É fato que a medicina e
as doenças sempre correram lado a lado com a evolução do ser humano, desde os
tempos mais antigos quando médicos ainda eram chamados de curandeiros. Na
verdade, a medicina teria surgido há aproximadamente 2500 anos, segundo
GONÇALVES, e de lá para cá, diversos tipos de remédios e tratamentos foram
utilizados, sendo alguns considerados absurdos nos dias de hoje.
Entretanto, é inegável
que inúmeras vidas foram salvas por antibióticos desde meados do século 20. Porém
algumas questões raramente são levantadas: O que uma exposição tão longa aos
mesmos métodos pode trazer para as próximas gerações? Existe realmente
possibilidade de surgimento de bactérias e patógenos resistentes aos
antibióticos comuns? Quais são as alternativas no caso de algo assim ocorrer? A
sociedade, sobretudo no Brasil, está preparada para lidar com isso? Essas
questões, apesar de fundamental importância muitas vezes não são conhecidas
pelas pessoas, mas o seu potencial de vida está diminuindo rapidamente com o
aumento da resistência bacteriana.
No ano passado, as
Nações Unidas declararam o problema como uma “grave ameaça” para a saúde
global. Várias linhas de evidências mostram que os antibióticos fazem uma
seleção a favor das bactérias resistentes e que as populações de bactérias
evoluem em favor a ela. Com essa informação é possível dizer que apesar de ser
custoso e demorado para que as bactérias evoluam a tal ponto que consigam criar
uma resistência quase total da espécie aos antibióticos, se continuarmos
utilizando os mesmos tratamentos (como a penicilina que é usada a mais de 70
anos), uma hora as bactérias/protozoários se tornarão resistentes a esses
tratamentos, e então a medicina deverá ter um plano B para a cura dessas
doenças.
Um caso presenciado no
Brasil foi o surgimento de uma “superbactéria” em um hospital no Rio Grande do
Sul, segundo reportagem do programa “Bom Dia Brasil” da Rede Globo. Essa
bactéria produz uma substância que inibe a ação até mesmo dos antibióticos mais
potentes, e serve para alertar que a evolução das bactérias existe e está cada
vez mais próxima do ápice (resistência total aos remédios usados)
Dentro desse conhecimento
sobre uma possível resistência de bactérias aos fármacos utilizados atualmente,
podemos especular que gerações futuras ficarão sem acesso aos tratamentos
convencionais e terão de esperar a evolução da medicina trazer/desenvolver
técnicas alternativas de combate as doenças resistentes.
Todavia, reportagem de
Simon Redfern da “BBC Brasil”, cientistas da Califórnia encontraram um novo
antibiótico que é extraído de um microrganismo encontrado em sedimentos do mar.
Segundo pesquisas realizadas, esse antibiótico parece ser efetivo no combate ao
Staphylococcus aureus, bactéria de
fácil contaminação e que pode gerar infecções difíceis de tratar, já que se
tornou resistente a quase todos os antibióticos disponíveis na atualidade. Isso
mostra que ambientes marinhos são uma importante fonte para produção de futuros
fármacos, visto que possui diversas e enormes áreas inexploradas.
Mas quais são os
fatores que contribuem para o aumento dessa resistência? Dentre as possíveis
causas e/ou contribuições para essa resistência das bactérias aos antibióticos,
podemos citar principalmente o uso inadequado de fármacos, bem como o descarte
incorreto dos mesmos. A falta de informação das pessoas aliada às condições
precárias (saneamento básico, rede de esgoto) e um grande descaso por parte do
governo com a as áreas da educação e da saúde, acaba gerando uma cadeia de
atitudes incorretas que podem contribuir para o problema em questão (KORB &
GELLER).
Enfim, podemos concluir
que o problema da resistência dos patógenos abrange a população como um todo e
também iniciativas por parte do governo. Atitudes como a criação de programas
de educação ambiental para uma sensibilização das pessoas acerca de suas atitudes
quanto ao descarte de fármacos, bem como uma maior disponibilização e aumento
do acesso à informação acerca do perigo da automedicação, alertando para o
consumo inadequado principalmente dos antibióticos, são de fundamental
importância para que possamos repensar nossas atitudes e com isso o problema
possa ser minimizado no futuro.
Gabriel Rezende
REDFERN, Simon. Novo antibiótico que ataca superbactéria é
encontrado no mar. Reportagem BBC Brasil, 2013. Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/08/130801_antibiotico_fundo_mar_gm.shtml.
Acesso em: 03 de nov. 2016.
BOM
DIA BRASIL, Rede Globo de comunicação. Superbactéria
resistente a antibióticos é encontrada em hospital no RS. 2013. Disponível
em: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2013/05/superbacteria-resistente-antibioticos-e-encontrada-em-hospital-no-rs.html.
Acesso em: 03 de nov. 2016.
KORB,
A. & GELLER, B.M.R. O conhecimento
como fator determinante para o enfrentamento dos problemas ambientais e de
saúde. IX CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. III ENCONTRO SUL BRASILEIRO DE
PSICOPEDAGOGIA, 2009.
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