Não é novidade que a poluição marinha corresponde a uma das piores desgraças ambientais no mundo, porém, recentemente pesquisadores ingleses e franceses detectaram que a problemática é ainda mais grave do que se pensava. A região do Oceano Antártico, no extremo sul do planeta, sempre foi considerada um refúgio sagrado, um dos últimos ecossistemas “intocados”, pelo fato de suas águas não realizarem grande intercâmbio com os principais (e mais poluídos) oceanos do planeta e, portanto não sofrer os impactos das ações antropogênicas. No entanto, uma expedição do navio de pesquisas Tara levou essa crença por água abaixo.
O navio Tara, cuja organização tem base na França, vem fazendo expedições sem fins lucrativos ao redor do mundo nos últimos nove anos com o objetivo de coletar dados e amostras para a comunidade científica global. Com isso, a organização tem o intuito de adquirir novas informações sobre o impacto das mudanças climáticas e das atividades humanas sobre os ecossistemas marinhos e sua biodiversidade. Assim, visa-se promover um aumento na consciência ambiental entre o público em geral através de divulgação científica, livros e filmes. Para saber mais sobre as expedições do Tara, acesse http://oceans.taraexpeditions.org/.
O material coletado na expedição do Oceano Antártico, conduzida há poucos meses, teve um resultado muito alarmante e inesperado: cerca de 40 mil fragmentos plásticos por quilômetro quadrado, valor muito próximo à média global estimada pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (PNUMA) de 46 mil fragmentos/km². Por estar tão longe da sujeira da humanidade, esperava-se encontrar um volume pelo menos dez vezes inferior à média global nesta região. Isso mostra que as consequências de nossas atitudes tem um alcance planetário. Apesar de microscópicos, os fragmentos são prejudiciais em larga escala, já que se acumulam ao longo da cadeia alimentar, desde os fitoplânctons até a nossa alimentação, podendo provocar câncer, problemas reprodutivos, entre outros danos. Acredita-se que essa poluição seja proveniente do hemisfério sul. “Levando em conta as correntes oceânicas, acreditamos que esta poluição seja proveniente do hemisfério sul. Assim, existe a grande probabilidade de que os países da região, como Austrália, África do Sul e os latino-americanos, sejam os responsáveis” afirmou Chris Bowler, coordenador do Tara.
No entanto, ao invés de apontar culpados, seria muito mais efetivo se, promovendo promover a união entre os países de modo a desenvolver programas globais, para, no mínimo, evitar que a situação piore. O que se tem visto nas últimas conferências sobre o meio ambiente é exatamente a segregação, sobretudo entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. O resultado é pouco ou nenhum avanço na prevenção, controle ou diminuição da poluição em ambiental, segundo o relatório Panorama Ambiental Global 5, de junho deste ano.
Já existem projetos que visam alcançar nível nacional, e, se houver comprometimento, é possível que atinjam nível global, como o Projeto Lixo Marinho (http://www.projetolixomarinho.org/). Esse é um exemplo de um projeto que tem potencial para se expandir mundialmente, fazendo com as devidas adaptações em cada país, e ter efeitos positivos. Se Uma vez que temos a capacidade de espalhar lixo em escala global, devemos também espalhar ideias de soluções e conscientização.
Nicole Rodrigues
Fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br/noticias6/noticia=731941
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