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6 de fevereiro de 2017

A Contribuição da Filosofia da Ciência Para a Educação Ambiental

É inegável que o homem, desde a sua origem, preocupou-se em obter conhecimento sobre tudo que o cercava, pois disso dependia a sua sobrevivência. Essa procura incansável pelo conhecimento impulsionou regiões na Grécia Antiga a buscar o conhecimento pelo próprio conhecimento, sendo que aqueles que cultivavam o saber pelo saber eram chamados de filósofos. Essa cultura, que chegou até nós pela filosofia, foi integrada ao que hoje chamamos de ciência. O termo ‘ciência’ ainda é bastante recente. No século XVII a ciência era denominada de filosofia natural, não existia uma distinção entre a ciência e a filosofia, somente no século XX o termo ciência se consolidou (Chibeni, 2001).

Para Aberto Olivia (2010), doutor em filosofia, a ciência explica por meio do método científico os problemas e questões desconhecidas da vida, como os fenômenos naturais, os quais, segundo o autor, nos dias de hoje, buscaria, principalmente a dominação da natureza.  Essa ciência é chamada de ciência clássica, fundamentada na objetividade e nas “verdades” científicas.
Para quebrar com esse modelo de superioridade da espécie humana em relação às outras espécies, surgiu a filosofia da ciência, a área da filosofia que se ocupa da análise do conhecimento científico. A filosofia da ciência passa a criar uma nova ética científica caracterizada mais pela contemplação da realidade do que pela dominação da natureza. Segundo David Papineau, a filosofia da ciência divide-se em duas grandes áreas, a da epistemologia da ciência e da metafísica da ciência. Enquanto a primeira “discute a justificação e a objetividade do conhecimento científico” a segunda “discute aspectos filosoficamente problemáticos da realidade desvendada pela ciência” (Papineau, 2004).

A filosofia da ciência procura explicar a ciência por meio do senso comum. O senso comum é a adaptação de todos os seres humanos às circunstâncias existentes, relacionando os sentidos e o raciocínio. A ciência oferece uma explicação confiável sobre determinado assunto e essa própria explicação obedece às alterações do senso comum.
Mas como podemos relacionar a filosofia da ciência com a educação ambiental?

Marcos Reigota, um dos grandes estudiosos sobre a educação, define educação ambiental como uma proposta que não se trata apenas de uma atividade educativa focada no ensino sobre ecologia. A educação ambiental é capaz de prover novos valores e maneiras socialmente ambientais, partindo do estudo da representação das relações sociais. A educação ambiental procura estabelecer uma união entre a humanidade e a natureza, uma união que foi esquecida pela ciência clássica e resgatada na filosofia da ciência.
A educação ambiental busca um outro tipo de comunicação com a natureza. Diferente do monólogo feito pelos cientistas para decifrar as leis do universo, a educação ambiental promove o diálogo entre o cientista e a natureza. Considerando a natureza um conjunto de leis complexas, conferindo-lhe momentos de estabilidade e instabilidade, isso reflete os vários acontecimentos raros e aleatórios do universo. Nesse sentido, a filosofia da ciência questiona os procedimentos que devem ser empregados na validação de uma determinada teoria, como esses acontecimentos raros e aleatórios que normalmente são ignorados pelos cientistas clássicos (Reigota, 2010).

A Filosofia da ciência e a educação ambiental são duas propostas que abandonam os conceitos científicos e buscam a representação social como forma de caracterizar determinado conhecimento.  Na representação social encontramos o conceito científico da forma que foi entendido e incorporado pelas pessoas, na filosofia da ciência a representação social nada mais é do que o senso comum que se tem sobre determinado tema. Portanto, tanto o estudo das representações sociais, quanto da filosofia da ciência, podem nos fornecer importantes elementos de compreensão do porquê na sociedade brasileira termos como visão tão “cristalizada” uma educação ambiental somente relacionada ao estudo da ecologia.
Luísa Figueiredo
Referências Bibliográficas:
FONTANA, Júlio. A filosofia da ciência de Rubem Alves. Ciberteologia – Revista de Teologia e Cultura.
GALINDO, André C.; TONELO, Daniel. Filosofia da ciência e mudanças de paradigma: uma breve revisão da literatura.

CHIBENI, Silvio S. Observações sobre as relações entre a ciência e a filosofia. Departamento de Filosofia. Unicamp. 2001
PAPINEAU, David. O que é filosofia? Disponível em:  <http://criticanarede.com/fil_fildaciencia.html >
REIGOTA, Marcos. Meio ambiente e representação social.  8ª Ed. São Paulo: Cortez, 2010

Fonte Imagem:
http://o-ensino-de-ciencias-na-am.blogspot.com.br/2011/03/historia-e-filosofia-da-ciencia-no.html

7 de agosto de 2016

Zoológicos, ainda precisamos deles?


Zoológicos são parques públicos onde se mantém animais selvagens para recreação e educação. Mas antigamente, governantes de civilizações mantinham coleções de animais para mostrar seu poder. Os Romanos utilizavam animais vivos para jogos, onde muitos animais eram sacrificados. Touradas e rodeios infelizmente ainda persistem, porém o poder de nossos líderes não é mais demonstrado pela quantidade de animais, mas por suas armas nucleares. Então, por que ainda temos zoológicos?

Todavia, antes de questionarmos a permanência dos zoológicos, precisamos reconhecer os danos em manter um animal em cativeiro. Isso implica a retirada do animal da selva e seu confinamento em ambientes desconhecidos nos quais sua liberdade é restrita. Muitos animais são afastados de suas famílias e seus vínculos afetivos são cortados. Eles são obrigados a viver de uma maneira não natural, são privados de conseguir sua própria comida e desenvolver sua ordem social.
Mas se zoológicos ainda sobrevivem é porque trazem benefícios a sociedade, como: diversão, educação, oportunidade para pesquisa científica e a preservação de espécies extintas. De acordo acordo com Greif (2014), no Brasil existem 110 zoológicos e 13 aquários. No Estado de São Paulo são 60 empreendimentos, a maior parte dos quais se encontra denunciado.

Diversão e educação são as principais razões para que muitas pessoas visitem os zoológicos. Os zoológicos cumprem uma função socioeducativa, a de ensinar crianças sobre o comportamento de cada espécie e como ela pode ajudar na proteção do animal. Porém, muitos zoológicos não obtiveram sucesso nesse sentido. Segundo a PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), em uma pesquisa feita em Londres no ano de 2014, sociólogos reuniram dados de crianças entre as idades de 7 a 15 anos, antes e depois que elas visitaram o zoológico de Londres. Eles descobriram que 58% das crianças que fizeram uma visita guiada pelo educador do zoológico não tinha resultados educacionais positivos, esse número aumenta para 66% quando as crianças fizeram uma visita não guiada e ainda, obteve um impacto negativo na compreensão das crianças com os animais e seus habitats.
Esse resultado pode nos levar ao seguinte questionamento: será realmente que existe algum prazer em ver animais em zoológicos? Em um estudo feito pelo crítico de arte e historiador John Berger, em seu livro “Sobre o olhar”, ele nos faz questionar sobre o porquê olhar os animais. Fazendo uma comparação entre zoológicos e galerias de arte. A jaula seria a moldura em torno do animal e os visitantes ao verem o animal, estariam parados em frente a um quadro, não admirando a sua essência, mas apenas uma imagem, observando-se criaturas vivas como se elas estivessem mortas.

O outro argumento a favor dos Zoológicos seria que estes trazem duas grandes contribuições para um avanço a nível científico. Eles incentivam pesquisas científicas e ajudam na preservação, promovendo a reprodução biológica de espécies ameaçadas de extinção. Porém, há vários questionamentos que não condiz com essas pressuposições. Muitos zoológicos continuam a tirar mais animais da vida selvagem do que devolvem. A reprodução de animais em zoológicos não assegura que a espécie é preservada, pois um animal em cativeiro não conserva a integridade de seu espírito específico.  Segundo a doutora em filosofia moral, Sônia T. Felipe: cada espécie animal precisa de um espírito específico, que permita a preservação daquele tipo de vida da forma autônoma. Ao serem mantidos no cativeiro, os animais apagam pouco a pouco a memória que constituía seu “espírito” específico. Guardamos, o patrimônio genérico, que é material biológico e matamos o patrimônio genuinamente “animal” dessas espécies.
Também há muitos animais que não se adaptam ao cativeiro. Após muitas mortes de chimpanzés entre o século XIX e o século XX, foi descoberto que chimpanzés são extremamente vulneráveis a doenças respiratórias humanas, eles podem ficar perturbados mentalmente por causa do assédio ao público.

É inegável que em nossa sociedade Zoológicos desempenham a função de entretenimento e diversão para visitantes, mas será que isso seria uma justificativa para sua permanência? O que você acha? Não seria o ser humano sujeitando outras espécies para o seu prazer? Ou uma cultura de passeio em família que deve ser mantida?

 Luísa Figueiredo
Referências e fonte imagem:

R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.12, n.1, p.117-129, Jan-Jun. 2015.
JAMIESON, Dale. Contra Zoológicos.. Título original: Against Zoos. In: ‘In

defense of animals’. SINGER, Peter (editor). New York: Basil Blackwell.

Tradução:Daiane Tramontini. Acadêmica da Faculdade de Direito da UFBA.
http://www.peta.org/blog/next-facebook-share-zoos-usually-educational/