Você sabia que há mais de 100 anos já existe a tecnologia
para produzir lâmpadas com duração vitalícia? Exemplo disso é uma lâmpada do
Corpo de Bombeiros de Livermore, Califórnia, cujo filamento foi desenvolvido
por Adolphe Chaillet e está acesa desde 1901, tornando-se assim atração
turística na cidade. No entanto somente chegam ao mercado aquelas com até 1000
horas de vida útil. Esse é o exemplo mais clássico da obsolescência
programada. Esta estratégia vem sendo empregada pelos fabricantes desde o
início da produção em massa, reduzindo a vida útil ou mesmo estipulando um
prazo de validade para os produtos de modo garantir um mercado consumidor.
Fonte da imagem: http://www.nobakwaas.com/18/post/2013/05/livermores-mysterious-lightbulb-burns-112-years.html
Em
1932, Bernard London, um corretor imobiliário de Manhattan, publicou o folheto
“Acabar com a Depressão através da obsolescência planejada”, que propunha
tornar obrigatório o estabelecimento de um prazo de validade para produtos, que
deveriam ser encaminhados a locais onde seriam destruídos após a expiração do
mesmo. Não foi imposta nenhuma lei a relacionada ao tema, mas de fato a
estratégia ganhou força após a crise de 1929, visando a recuperação econômica e
vem se expandindo até os dias de hoje. Outro exemplo que ficou famoso foi o dos
químicos da grande empresa DuPont. Eles investiram muito estudo para
desenvolver meias mais duradouras. No entanto, após conseguirem o resultado
esperado, foram obrigados a suspender a produção e as meias tiveram de ser
retiradas do mercado e substituídas por modelos mais frágeis para não cessarem
as vendas.
Atualmente,
além dos produtos descartáveis e de vida curta que fazem parte do nosso
dia-a-dia, observa-se fortemente a obsolescência perceptiva e a obsolescência
tecnológica. A primeira está relacionada à moda e à cultura de que produtos
mais antigos são insatisfatórios, a busca pelo novo apenas para “não ficar por
fora” e está intimamente ligada ao crescimento da publicidade. A segunda também
possui esse cunho de demanda por novidades, mas como o próprio nome já diz, de
caráter tecnológico e esta pode ser de certa forma forçada pelos fabricantes.
Por exemplo, é muito comum que, ao buscar a assistência técnica para consertar
um pequeno defeito em um aparelho de celular, o cliente seja aconselhado a adquirir
um novo aparelho, por conta de o conserto demandar peças que não são mais
fabricadas ou mesmo por sair mais barato. O fenômeno se expande para a grande
maioria dos eletroeletrônicos, como algumas impressoras, que contam com
dispositivos que bloqueiam seu funcionamento após determinado número de
impressões, obrigando o consumidor desinformado de adquirir uma nova máquina.
Nesse setor também há marcante presença da obsolescência perceptiva com a busca
de modelos cada vez mais modernos e com inovações tecnológicas, muitas vezes
desnecessárias e que pouco diferem do modelo anterior.
Além
de representarem um exemplo de como a sociedade atual pode perder grande parte
dos reais valores como o prazer de apreciar a natureza, desfrutar da companhia
de amigos e familiares e amar os demais e a si mesmo pelo que são e não
pelo que tem, os fatos apresentados acima apresentam grande perigos
materiais. Afinal, um crescimento econômico incessante que para acontecer
requer um consumismo sem fim parece um tanto incompatível com um planeta
de recursos limitados. Isso sem falar na geração de lixo para o qual,
com exceção da reciclagem e reaproveitamento, não existe tratamento
adequado. Mas ainda há tempo de mudar esse cenário, basta reduzir de uma
vez por todas os hábitos de consumo, comprando apenas o imprescindível
(alimentos, higiene), priorizando o que não vier em embalagens e caso haja
embalagem, que ela seja reciclada ou reaproveitada. E cuide bem de suas coisas
para que elas possam durar mais.
Baseado no documentário
“Comprar, jogar fora, comprar: A história secreta da obsolescência programada”
(2009)
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