8 de dezembro de 2014

O Fundo do Poço


     O banho demorou demais, a chuva caiu de menos, e quando a população percebeu já era tarde demais. Não é novidade o fato de estarmos em plena crise de água em São Paulo, a pior nos últimos 80 anos. Agora as conseqüências estão vindo, porém fomos avisados. O primeiro sinal nos dado veio em 2004, quando a Sabesp (Empresa de abastecimento de São Paulo) comunicou que a estrutura dos reservatórios seria insuficiente para o nível de demanda e que seria necessário o uso dependente do Sistema Cantareira. Foi um alerta e tanto, pena que não o ouvimos. Em julho de 2014, o volume útil da Cantareira, que atende 8,8 milhões de pessoas em São Paulo, esgotou e aí virou o caos.
    Para compreender melhor a crítica situação precisamos entender como o Sistema Cantareira funciona. O conjunto de represas tem nascentes no Rio Piracicaba, onde o reabastecimento só ocorre por meio das chuvas. O problema é que a estiagem tem sofrido uma aumento desde 2013 e esse ano atingiu níveis absurdos, tendo 87,8mm de chuva, sendo a média comum de 260mm!
     O problema então é a chuva? Não, a culpa não é de São Pedro. Especialistas afirmam que a alta estiagem é consequência do imenso desmatamento realizado na Amazônia, onde se dá a origem das massas de ar fria que geram a chuva. Como se o problema da ação do homem já não bastasse, há ainda o tremendo desperdício e uso inconsequente da água pela população, sem contar com a perda de 25% da água (estimado pela Sabesp) no caminho da distribuidora até as torneiras das casas.
     Para resolver o problema em curto prazo, a Sabesp, em maio, decidiu retirar 200 bilhões de litros de água do volume morto do Sistema Cantareira, volume que fica abaixo das comportas do sistema. Entretanto, há conseqüências gravíssimas do uso do volume morto. Por conter muitos metais pesados, que são de difícil retirada no tratamento, seu uso pode causar dano no sistema nervoso, fígado, rins e até formação de câncer de intestino. Sem comentar também os danos ambientais causados no ecossistema.
     Todos já sabem a solução para a falta de água, é o caso de “cada um faz a sua parte”. É muito fácil falar e aconselhar, o difícil é o fazer. Mas reafirmo aqui o que cada um de nós já estamos cansados de ouvir: faça a sua parte. Um economizar aqui, outro ali realmente faz a diferença! Apenas pense que o planeta Terra é o nosso único lar, este planeta cheio de maravilhas, cheio de vida... Você realmente quer deixá-lo morrer?

               Aline Cestaro Salla Sá

Bibliografia da figura: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/04/25/tratamento-inadequado-do-volume-morto-traz-riscos-entenda.htm. Acesso em: 28 nov. 2014

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