18 de maio de 2015

O Mito da Sustentabilidade do Capitalismo Verde


     Vivemos em um sistema de produção capitalista que não é capaz de sobreviver sem o consumismo exacerbado. A mídia atualmente é usada para que cada vez mais a população acredite que ter é sinônimo de ser. E seguimos consumindo, por meio da socialização, a qual acontece em bares, shoppings, churrascos, festas, entre outros ambientes, realimentando o sistema.
     Consumimos algo desde o momento que acordamos até a hora que vamos dormir. No café da manhã, comemos as frutas produzidas pela indústria alimentícia. Saímos para o trabalho e tiramos da garagem nossos carros, que por sua vez favorecem a indústria automobilística. No trânsito, temos dor de cabeça e tomamos um analgésico que favorece a indústria farmacêutica. São inúmeras formas de enriquecer as indústrias, que de alguma forma nos provém bens de consumo que se tornaram essenciais para nossa sobrevivência. Mas de que forma esse sistema favorece o meio ambiente?
     Com o crescimento da preocupação ambiental no âmbito social, criou-se o chamado capitalismo verde. Foram criados para as empresas selos “verdes”, ou seja, ecologicamente corretos. Surgiram alguns projetos de cunho ambiental que utilizam dessa “boa ação” para aumentar os preços de seus produtos através do marketing. Ou seja, novamente a mídia nos diz para consumirmos. Mas por que não consumir? Você tem dinheiro, a empresa não prejudica o meio ambiente, está tudo perfeitamente bem. É uma empresa ecologicamente correta. Mas será que estes projetos são significativos o suficiente para compensar todos os outros impactos que a empresa produz? Será que possuirmos mais bens de consumo do que precisamos, mesmo que estes possuam um selo verde, nos torna também ecologicamente corretos? Ao meu ver, a resposta é NÃO! É incoerente uma empresa X se dizer amiga do meio ambiente, ao mesmo tempo que incentivem ininterruptamente o consumo, que passa a ideia de que você realmente precisa de coisas que não precisa, expandindo a produção, gerando mais resíduos, para, no fim, lucrar cada vez mais (e assim se utilizar de ainda mais recursos naturais).
     Os defensores do capitalismo verde utilizam a ideia do chamado “Desenvolvimento Sustentável”. Basicamente, um país desenvolver seus meios de produção de forma sustentável é se desenvolver sem prejudicar as futuras gerações, garantindo um tempo para que o meio ambiente se recupere das ações humanas. Mas não seriam os conceitos de desenvolvimento contínuo do capitalismo e sustentabilidade análogos? Um país desenvolvido é aquele que possui um alto nível de desenvolvimento econômico – capital – e, para crescer economicamente, é necessário que haja aumento contínuo de produção, levando a escassez dos recursos naturais. Torna-se assim, contrário ao conceito de sustentabilidade, que por sua vez visa prejudicar menos possível o meio ambiente.
     No Brasil, os partidos políticos que se dizem “verdes” propõem medidas que amenizem a degradação ambiental que o atual sistema de produção trás, mas sempre dosando tais medidas para que estas não atrapalhem o lucro. O ideal de um partido que se diz ambientalista seria possuir como principal objetivo promover a sustentabilidade por meio de políticas públicas e conscientização ambiental, que vise transformar a sociedade para que a mesma se aproxime do meio ambiente, visto que nós, seres humanos, também fazemos parte do meio, e ao mesmo tempo, se afaste do consumismo que está cada vez mais enraizado na nossa cultura. 

Sheyla P. Barroso

Fonte Imagem: http://www.diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=20357:larissa-packer-qeconomia-verde-destroi-e-e-insustentavelq&catid=64:consumo-e-meio-natural&Itemid=79

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