The 100 (The
hundred) é uma série Americana, exibida pelo canal The CW, lançada no
Brasil em 2015 e baseada nos livros de Kass Morgan.
A série mostra um cenário fictício onde a Terra foi arena
de uma terrível guerra nuclear, há 97 anos, a partir da qual passou-se a acreditar
que quase toda a população foi extinta e que os únicos sobreviventes seriam uma
população que escapou por ter sido enviada ao espaço antes da guerra. Essa
população estava distribuída em 12 estações espaciais, representando 12 países,
em órbita da planeta, sendo que após o desastre as estações se uniram formando
um complexo chamado “Arca’, onde aproximadamente 400 pessoas ficaram abrigadas
no espaço.
Entretanto, com o passar dos anos, a população aumentou
muito e a capacidade de filtração dos gases na estação passou a diminuir,
fazendo com que fosse necessário reduzir o número de pessoas, pois logo, logo,
não haveria oxigênio para todos.
Agora com recursos limitados e a população crescendo, os
líderes governamentais dessas estações sabiam que precisavam retornar à sua
terra natal antes que fosse tarde demais. Mas quem iria? Ninguém sabia as
condições ambientais da Terra outrora quase destruída, ou até mesmo se, o
planeta há muito abandonado se tornaria habitável novamente. Para garantir o
futuro, 100 jovens, considerados “infratores”, foram enviados para a Terra com
a missão de verificar as condições de vida no planeta. No planeta os jovens se
deparam com níveis de radiação suportáveis e passam a explorar o local. Mais
tarde eles descobrem que não estão sozinhos, o que se pensava era que talvez o
planeta fosse inabitável, mas acaba ocorrendo o contrário.
Os jovens passam a descobrir animais que ainda apresentam
mutações decorrentes da radiação do planeta e os chamados “Groundres” ou Terra-firmes, sobreviventes que passaram a viver como
selvagens e que consideram a presença dos jovens, denominados de povo do céu,
como invasores e, portanto, inimigos. Além disso eles vão passar por várias
situações que mostram as dificuldades da sobrevivência no local.
Saindo um pouco da fantasia e vendo a série com olhos
mais críticos podemos parar e refletir como a sociedade da época atingiu o
ápice da autodestruição, o quão longe os conflitos chegaram e ao mesmo tempo observar
algo importante: com a sobrevivência da raça humana em suas mãos, como os jovens
enviados precisam superar suas diferenças e unir forças para cruzar juntos o
seu caminho de modo a enviarem uma mensagem às estações dizendo que o planeta
era habitável.
É também muito interessante observar que após um período
de 97 anos o planeta ainda guardava inúmeras marcas do que aconteceu,
tornando-se aparentemente “selvagem e primitivo” novamente. As aspas
nas palavras selvagem e primitivo são por conta que temos a crença de que a
maior parte da natureza era primitiva e estava intacta antes do desenvolvimento
de grandes sociedades humanas. Mas dois estudos publicados em 2013 sugerem que
podemos estar enganados. Em um deles, Erle Ellis, geógrafo na Universidade de
Maryland, Baltimore County (University of Maryland, Baltimore County) e seus
colegas calcularam que pelo menos um quinto da terra em todo o mundo foi transformado por humanos há 5000 anos atrás – uma proporção que os estudos anteriores sobre o
uso histórico da terra assumiu ter sido atingida somente nos últimos 100 anos.
Não consegui deixar de associar esse trabalho com a história da série. Quais
serão as reflexões feitas 5000 anos depois dessa destruição?
O outro trabalho, Novel Ecosystems,
livro editado pela Universidade da Austrália Ocidental, mostra quantos
ecossistemas superficialmente naturais são fortemente influenciados pela
introdução de espécies estranhas. Quer tenham sido intencionais ou acidentais,
a maior parte das introduções parecem ter origens humanas, segundo reflexões feitas no livro. Um dos autores do trabalho
comenta, inclusive, que é muito desconcertante pensar que em muitas partes do
mundo, o ‘lado selvagem’ que nós normalmente nos referimos anteriormente nunca
existiu.
E é assim que eu deixo o meu convite a todos para que
assistam a série, mas que não deixem de observar os detalhes que envolvem a
relação ser humano-meio ambiente e relacioná-los com trabalhos científicos
atuais, gerando e aprofundando debates na área de educação ambiental. Garanto
que assim vão poder refletir a respeito de muitas coisas importantes sem deixar
de se divertir.
Larissa Rodrigues
Fonte
da imagem: https://tvcinemaemusica.wordpress.com/2014/03/22/serie-nova-the-100-1x01-pilot/
Uma dica, este artigo ( A QUÍMICA NAS SÉRIES DE TV: UM RECURSO PARA PROMOVER A APRENDIZAGEM TANGENCIAL DE PORTNOW E FLOYD NO ENSINO DE QUÍMICA) fala um pouco sobre The 100 no ensino de química
ResponderExcluirhttp://if.ufmt.br/eenci/artigos/Artigo_ID378/v12_n5_a2017.pdf