Um dos
principais assuntos neste mês de agosto foram as notícias sobre as olimpíadas
do Rio que chegou ao fim no 21/08, após uma bela abertura dos jogos que além de
apresentar um pouco de nossa história, cultura e costumes, tinha como temática
a questão socioambiental. Foi muito elogiada pelos brasileiros e
internacionalmente.
O intuito da
abertura era fazer o mundo refletir sobre os impactos socioambientais causados
por ações antrópicas e as consequências globais destas ações. Após a
apresentação de vídeos demonstrando o aumento da temperatura global, impactos
do desmatamento, problemas socioambientais, como a ausência de saneamento
básico, um garoto caminhou pelo palco em meio de construções e encontrou uma
muda de planta (lembrando até mesmo o filme Wall-e, no qual, um pequeno robô
Levantador de Carga para Alocação de Lixo – Classe 'Terra'), trabalha sozinho
para compactar e organizar todo o entulho deixado pelos seres humanos). Em
seguida, cada delegação foi apresentada e seus atletas teriam que plantar
sementes para que daqui alguns anos, o Rio de Janeiro ganhasse uma “floresta
dos atletas”. Os aros olímpicos foram inspirados na natureza, formados a partir
da base utilizada pelos os atletas para plantar as sementes.
Muito bonito,
sem dúvida, mas fica uma dúvida no ar: será mesmo que os jogos olímpicos praticaram
o que tanto defenderam na abertura dos jogos? Acredito que não, pois antes
mesmo do início dos jogos já existiam críticas relacionadas às obras da cidade
olímpica, e principalmente a construção de um campo de golfe, o qual foi feito
em uma antiga área de proteção ambiental. O Rio já tinha dois campos de golfe,
mas para o Comitê Olímpico Internacional nenhum era
apropriado para as Olimpíadas, sendo que a justificativa da área escolhida para
o novo campo foi que este local já estava impactado devida ao desmatamento e
ambientalmente degrado. Porém, há controvérsias e até mesmo a construtora
responsável pelo projeto foi beneficiada e segundo o ambientalista Marcelo
Mello, este afirma que as práticas para manter o campo de golfe são
prejudiciais às espécies do local.
Outra questão
que não está de acordo com o discurso de “ambientalmente correto” é a
despoluição da Baía de Guanabara, local que foi utilizado em competições como
Vela. Foram realizados grandes investimentos para melhorar a qualidade da água,
o que já era esperado há décadas pela população carioca. A meta de despoluição
da baía prometida pela prefeitura até 2016 era de 80%, valor não atingido para
os jogos. Além da preocupação com o transporte no momento dos jogos, o que
também ocasionou a destruição de 200 mil m² da Mata Atlântica.
É de
conhecimento também que para realização das obras foram apresentados relatórios
ambientais simplificados (RAS) sem estudos ambientais mais complexos como a
elaboração do Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental
(EIA/RIMA), segundo a Fundação Heinrich Böll.
Nesse sentido, nos
cabe refletir sobre o uso do marketing verde no discurso do “ambientalmente correto”
que é utilizado em algumas situações, para nos fazer crer que somos uma nação
realmente preocupada com as questões socioambientais, mas que na verdade
somente mascara uma prática ainda voltada para a manutenção do modelo de desenvolvimento hegemônico
atual.
Quanto ao final
das Olimpíadas, torçamos para que fique uma maior valorização dos esportes,
melhor utilização dos locais construídos e a reflexão sobre nossas atitudes em
relação ao meio ambiente.
Rafaella
Ayllon
Referências
Cerimônia
de abertura movimenta milhões de internautas. Disponível em: https://www.rio2016.com/noticias/cerimonia-de-abertura-movimenta-milhoes-de-internautas
Imprensa
internacional elogia cerimônia de abertura dos jogos olímpicos Rio 2016.
Disponível em: https://www.rio2016.com/noticias/imprensa-internacional-elogia-cerimonia-de-abertura-do-jogos-olimpicos-rio-2016
O campo de golfe da discórdia.
Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/sustentabilidade/o-campo-de-golfe-da-discordia-5667.html
Dossiê “Megaeventos e Violações dos Direitos
Humanos no Rio de Janeiro Dossiê do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio
de Janeiro novembro de 2015 Dossiê Megaeventos novembro de 2015 Olimpíada Rio
2016, os jogos da exclusão” https://br.boell.org/sites/default/files/dossiecomiterio2015_-_portugues.pdf
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