BLACK MIRROR: DISTOPIA OU REALIDADE
DISFARÇADA?
A série que teve suas origens no
canal BBC foi comprada pela Netflix e já está na 3ª temporada em exibição, com
a 4ª temporada confirmada. A trama acontece em uma sociedade distópica onde a
tecnologia avançou tanto que chega a impactar o jeito como os seres humanos
interagem uns com os outros, o que acaba por expor a verdadeira natureza
humana. Lembrando que distopia em filosofia, caracteriza-se por uma sociedade
imaginária controlada pelo Estado ou por outros meios extremos de opressão,
criando condições de vida insuportáveis aos indivíduos. É bem o tema proposta
pela série!
Os episódios não são dependentes
entre si, sendo que cada um procura abordar um elemento humano e
problematizá-lo. Um exemplo é o episódio “White Bear”, o segundo da segunda
temporada, onde uma mulher acorda presa a uma cadeira e enquanto ela pede
socorro as pessoas ao redor dela se preocupam mais em filmar a situação do que
em ajudá-la. A situação da mulher fica ainda pior quando algumas pessoas usando
máscaras e armas passam a persegui-la, tudo enquanto diversas outras pessoas
filmam toda a situação, parecendo se divertir com a cena proporcionada pela
fuga da moça.
O efeito da tecnologia e a influência
que da mídia que é retratada na série podem ser entendidos segundo o conceito
de midiosfera introduzido por Jeff Jarvis, que compreende a esfera da mídia,
das influências criada pelos meios de comunicação em massa, da informação
pré-fabricada, da manipulação e dos conglomerados (IZZO, 2009).
Na era em que a mídia e a tecnologia
são propelentes para que lados sombrios da natureza humana venham à tona, as
pessoas deixam de estender suas relações com outros seres humanos e passam a
viver em um mundo a parte, onde a regra da aparência é a que predomina, o status vale mais do que o real. Num
mundo como esse que estamos criando há espaço para o coletivo? Parece que o
individualismo se sobrepõe à convivência, isso gera impactos na essência
humana, faz o homem se transformar e parar de se importar com aquilo que o
cerca.
Mas será que essa realidade tratada
como distópica está tão distante da nossa realidade? Carol Alves, jornalista do
jornal Destak, diz em sua matéria sobre a série:
“Black Mirror” apresenta uma realidade que parece
distante, mas que na verdade não é tão distante assim. As situações
apresentadas mostram uma sociedade dependente da tecnologia. No nosso mundo,
hoje, já não é diferente. Somos escravos de um sistema que não sabe diferenciar
vida real da realidade virtual (ALVES, 2016, p.18).
Refletindo sobre essa perspectiva,
vale a pena repensar as nossas atitudes frente essa onda de tecnologia. Até que
ponto elas poderão controlar as nossas ações e relações? O mundo das mídias e
das redes sociais vem desempenhando cada vez mais um papel de destaque em
nossas vidas. Quem nunca viu alguém que se preocupa mais em postar fotos de
suas refeições no Facebook do que em
realmente apreciá-las? Não que compartilhar com amigos algo que você acha legal
seja errado, apenas a “super divulgação” e dependência que as vezes criamos com
essas práticas. Vivemos numa sociedade em constante transformação, talvez não
esteja tão longínqua a possibilidade de nos tornarmos algo como a sociedade de Black Mirror. Pode parecer uma visão um
tanto quanto radical, mas as nossas possibilidades e nossos avanços fazem com
que as chances cresçam e diminuam, no sentido que podemos controlar essa
natureza do nosso avanço, mas para isso não devemos permitir que essa
transformação do mundo pós-moderno mude quem nós somos e nos torne insensíveis
aos nossos semelhantes, vivendo por meio de interações fugazes e perdendo o
contato uns com os outros. Essa sociedade retratada na série, por mais que seja
dramatizada para as telinhas, nos mostra um futuro possível, para o qual nós não
podemos nos encaminhar.
Nesse sentido a Educação Ambiental
Transpessoal propõe o autoconhecimento como o caminho fundamental para a
construção do sujeito ecológico por meio do desenvolvimento de uma consciência
que estimule o indivíduo a ir além de si mesmo, para que o sentido da
alteridade seja desenvolvido.
Larissa
Rodrigues
Referências
Bibliográficas
ALVES, Carol (carol.destak@gmail.com). 'Black
Mirror' expõe mundo distópico e perturbador na TV. Destak: Diversão
& Arte. Abc, p. 18. 21 out. 2016.
IZZO, João Artur.
Noosfera e midiosfera: o imaginário humano e o engenho da mídia. Biblioteca
On-line de Ciências da Comunicação–BOCC. Rio de Janeiro: UFF, 2009.
Fonte
Imagens
https://goo.gl/kGv7bA
ok
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