É inegável que o homem, desde a
sua origem, preocupou-se em obter conhecimento sobre tudo que o cercava, pois
disso dependia a sua sobrevivência. Essa procura incansável pelo conhecimento
impulsionou regiões na Grécia Antiga a buscar o conhecimento pelo próprio
conhecimento, sendo que aqueles que cultivavam o saber pelo saber eram chamados
de filósofos. Essa cultura, que chegou até nós pela filosofia, foi integrada ao
que hoje chamamos de ciência. O termo ‘ciência’ ainda é bastante recente. No
século XVII a ciência era denominada de filosofia natural, não existia uma distinção
entre a ciência e a filosofia, somente no século XX o termo ciência se
consolidou (Chibeni, 2001).
Para Aberto Olivia (2010), doutor
em filosofia, a ciência explica por meio do método científico os problemas e
questões desconhecidas da vida, como os fenômenos naturais, os quais, segundo o
autor, nos dias de hoje, buscaria, principalmente a dominação da natureza. Essa ciência é chamada de ciência clássica,
fundamentada na objetividade e nas “verdades” científicas.
Para quebrar com esse modelo de
superioridade da espécie humana em relação às outras espécies, surgiu a
filosofia da ciência, a área da filosofia que se ocupa da análise do
conhecimento científico. A filosofia da ciência passa a criar uma nova ética
científica caracterizada mais pela contemplação da realidade do que pela
dominação da natureza. Segundo David Papineau, a filosofia da ciência divide-se
em duas grandes áreas, a da epistemologia da ciência e da metafísica da
ciência. Enquanto a primeira “discute a justificação e a objetividade do
conhecimento científico” a segunda “discute aspectos filosoficamente
problemáticos da realidade desvendada pela ciência” (Papineau, 2004).
A filosofia da ciência procura
explicar a ciência por meio do senso comum. O senso comum é a adaptação de
todos os seres humanos às circunstâncias existentes, relacionando os sentidos e
o raciocínio. A ciência oferece uma explicação confiável sobre determinado
assunto e essa própria explicação obedece às alterações do senso comum.
Mas como podemos relacionar a
filosofia da ciência com a educação ambiental?
Marcos Reigota, um dos grandes
estudiosos sobre a educação, define educação ambiental como uma proposta que
não se trata apenas de uma atividade educativa focada no ensino sobre ecologia.
A educação ambiental é capaz de prover novos valores e maneiras socialmente
ambientais, partindo do estudo da representação das relações sociais. A
educação ambiental procura estabelecer uma união entre a humanidade e a
natureza, uma união que foi esquecida pela ciência clássica e resgatada na
filosofia da ciência.
A educação ambiental busca um
outro tipo de comunicação com a natureza. Diferente do monólogo feito pelos
cientistas para decifrar as leis do universo, a educação ambiental promove o
diálogo entre o cientista e a natureza. Considerando a natureza um conjunto de
leis complexas, conferindo-lhe momentos de estabilidade e instabilidade, isso
reflete os vários acontecimentos raros e aleatórios do universo. Nesse sentido,
a filosofia da ciência questiona os procedimentos que devem ser empregados na
validação de uma determinada teoria, como esses acontecimentos raros e
aleatórios que normalmente são ignorados pelos cientistas clássicos (Reigota,
2010).
A Filosofia da ciência e a
educação ambiental são duas propostas que abandonam os conceitos científicos e
buscam a representação social como forma de caracterizar determinado
conhecimento. Na representação social encontramos
o conceito científico da forma que foi entendido e incorporado pelas pessoas,
na filosofia da ciência a representação social nada mais é do que o senso comum
que se tem sobre determinado tema. Portanto, tanto o estudo das representações
sociais, quanto da filosofia da ciência, podem nos fornecer importantes
elementos de compreensão do porquê na sociedade brasileira termos como visão
tão “cristalizada” uma educação ambiental somente relacionada ao estudo da
ecologia.
Luísa Figueiredo
Referências
Bibliográficas:FONTANA, Júlio. A filosofia da ciência de Rubem Alves. Ciberteologia – Revista de Teologia e Cultura.
GALINDO, André C.; TONELO, Daniel. Filosofia da ciência e mudanças de paradigma: uma breve revisão da literatura.
CHIBENI, Silvio S. Observações sobre as relações entre a
ciência e a filosofia. Departamento de Filosofia. Unicamp. 2001
PAPINEAU, David. O que é filosofia? Disponível em: <http://criticanarede.com/fil_fildaciencia.html
> REIGOTA, Marcos. Meio ambiente e representação social. 8ª Ed. São Paulo: Cortez, 2010
Fonte Imagem:
http://o-ensino-de-ciencias-na-am.blogspot.com.br/2011/03/historia-e-filosofia-da-ciencia-no.html
Excelente texto. Parabéns
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