6 de novembro de 2012

O quão “verde” será a Copa de 2014?



Desde que o Brasil foi anunciado como país sede da Copa do Mundo de 2014 e as obras que visam dar suporte ao Mundial foram iniciadas, as menções à sustentabilidade e às iniciativas “verdes” se associaram ao conjunto de objetivos da FIFA e do Comitê Organizador da Copa no Brasil, da construção de Arenas e Estádios ditos “ecológicos” até a ideia de abastecê-los com energia solar está sendo discutida, experiência que a FIFA aplicou na África do Sul em 2010 e que deseja repetir agora no Brasil, tendo criado inclusive uma certificação chamada “Liderança em Energia e Design Ambiental” - (Leed) que será oferecida à 12 Arenas brasileiras destinadas aos jogos, entre elas o Estádio Nacional de Brasília, o Mineirão, o Maracanã, o Vivaldo Lima em Manaus e a Arena Cuiabá.

Entre as iniciativas que garantem a Certificação estão o uso de Bioetanol e Energia Geotérmica para abastecimento elétrico da Arena Vivaldo Lima (Manaus-AM), o sistema de compostagem no gramado do estádio Beira-Rio (Porto Alegre-RS) e um sistema de repulsão do calor e refrigeração natural da Arena Fonte Nova (Salvador-BA), além disso, está em discussão a instalação de placas fotovoltaicas, o uso de equipamentos que gastem menos energia e sistemas de reaproveitamento de água da chuva. Outras iniciativas como a construção de arquibancadas “desmontáveis”, por exemplo, estão em discussão, mas neste caso com o intuito de reduzir o custo das obras. Segundo a própria FIFA, implementar essas iniciativas encarecem os empreendimentos em até 7%, mas acarretam grande economia quando estiverem funcionando, uma economia estimada de até 30% em energia, 50% no consumo de água e 35% nas emissões de gás carbônico. 

Intervenções Previstas nas Arenas e Estádios Brasileiros. Fonte: Planeta Sustentáveis.

Como podemos observar, há várias ideias para reduzir custos através de ações ditas ambientais, mas até mesmo as ações propostas pela FIFA causam impactos que não são notados pelo grande público e que dizem respeito ao ambiente do entorno, camuflando não só os reais impactos de construções de grande porte como Arenas e Estádios como estão sendo feitos no Brasil, mas também o discurso de redução de gastos e ampliação dos lucros, já que as perspectivas de economia com água, energia e etc. não serão revertidas em barateamento dos ingressos para a população.

Entre os impactos renegados nesse projeto de “Copa Verde” estão os relacionados à vegetação do entorno de Arenas como a que está sendo feita em Manaus, a impactação causada pela poluição sonora etc. por estádios situados em áreas urbanas como o Fonte Nova em Salvador (BA).  Além disso, os planos da FIFA dá conta de captação e reuso da água da chuva, mas não estabelece metas para que as cidades-sede dos jogos garantam a total-coleta e tratamento de esgoto para os jogos, uma vez que a carga biológica aumenta consideravelmente em ocasiões como essa. Outra questão é o destino que se dará às arquibancadas, móveis que talvez sejam utilizadas em Arenas como a de Cuiabá (MT).

A conclusão que tiramos disso é que temos de ter cuidado quando essas questões forem veiculadas na mídia como “ecológicas” e “sustentáveis”, pois como bem alertou o Presidente da Bolívia, Evo Morales, na Rio+20 realizada em Junho de 2012 aqui no Brasil, certos discursos ambientais que escondem um compromisso com o sistema capitalista tendem à transformar a natureza em uma mercadoria.


Rafaella Ayllón.

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