Muita discussão e polêmica giram
em torno do tema das mudanças climáticas. Alguns estudiosos argumentam, através
de dados referentes à história climática do planeta, que o aquecimento global
não pode ser atribuído a ações antropogênicas, afirmando que em períodos
remotos (há cerca de 100 séculos) houve aumento mais acentuado na temperatura
planetária em menor intervalo de tempo do que se tem observado desde a
Revolução Industrial. Outros defendem que o fenômeno está vinculado às emissões
de gases estufa, redução da vegetação e presença de extensas áreas asfaltadas,
mas que se restringe às proximidades dos centros urbanos, as chamadas ilhas de
calor, e portanto não deve ser estendido à escala global. Controvérsias a
parte, pode-se constatar que a dinâmica climática envolve processos
extremamente complexos que abrangem interações entre fatores de diversas áreas
do conhecimento (química, geologia, biologia, astrofísica, oceanografia, entre
outras), cujo estudo interdisciplinar encontra-se em seus primórdios, logo, não
se pode assegurar qual das vertentes seria a mais adequada.
Analisando
a abordagem da mídia sobre a questão, observa-se uma promoção excessiva de seus
malefícios, o que pode vir a ocultar problemas igualmente alarmantes para o
meio ambiente como, por exemplo, a falta de tratamento adequado dos resíduos.
No entanto, há alguns dias foi publicado no periódico Nature Climate Change um artigo que aponta uma consequência da
elevação da temperatura que pode vir a apresentar aspectos positivos. Trata-se
da expansão da vegetação no ecossistema Ártico, decorrente sobretudo da
atenuação da diferença entre as temperaturas do inverno e do verão.
O
trabalho Temperature and vegetation seasonality diminishment over northern lands conduzido por 21 pesquisadores de 7 países
apresenta dados e imagens de satélite que mostram o quanto as temperaturas mais
amenas tem contribuído para o aumento no crescimento das plantas, que de acordo
com a pesquisa, chegou a 10% nos últimos 30 anos. A área pela qual a vegetação se estendeu
corresponde a cerca de 700 km, em direção ao norte. Sabe-se que o pólo Norte
contém um dos ecossistemas mais frágeis e o mais afetado por alterações
climatológicas, pois dispõe de pouca diversidade de espécies, muitas das quais
dependem da disponibilidade de gelo para sua sobrevivência. É o caso do urso
polar, principal símbolo do aquecimento global, que dependem do gelo marinho
para se locomover entre as ilhas do Arquipélago do Ártico. Há também espécies
de algas que vivem e se reproduzem nos canais salgados do gelo e constituem a
base da cadeia alimentar dos animais marinhos. Além de compreender o equilíbrio
do próprio ecossistema, essas mudanças prejudicam a dinâmica climática global
e, portanto, a manutenção de seres vivos e paisagens do planeta como um todo.
Todavia, a ampliação na
superfície por vegetação pode abrir espaço para o desenvolvimento de maior
diversidade de espécies. Alguns também veem o degelo com outra visão otimista,
já que ele pode proporcionar, por exemplo, uma maior acessibilidade aos
recursos minerais na Rússia, bem como a implantação de novas rotas marítimas.
Contudo, considerando a situação mundial atual, com sua necessidade emergencial
de mudanças de paradigmas, essa visão otimista pode ser entendida como
retrógrada. O que se pode fazer é se adaptar às alterações naturais que fogem
ao nosso controle, e transformar nossos hábitos, de modo a consumir o mínimo, e
ainda transmitir esse conhecimento ao próximo, para que haja uma revolução
cujos resultados de expressarão nas próximas gerações. Lembrando que a
revolução
começa dentro de nós mesmos e cabe a nós plantar as sementes ao próximo.
Nicole Pinotte
Rodrigues
Fonte da imagem: http://www.institutocarbonobrasil.org.br/noticias2/noticia=733369
Nenhum comentário:
Postar um comentário