29 de março de 2013

Aumento nas temperaturas provoca expansão da vegetação no Ártico



Muita discussão e polêmica giram em torno do tema das mudanças climáticas. Alguns estudiosos argumentam, através de dados referentes à história climática do planeta, que o aquecimento global não pode ser atribuído a ações antropogênicas, afirmando que em períodos remotos (há cerca de 100 séculos) houve aumento mais acentuado na temperatura planetária em menor intervalo de tempo do que se tem observado desde a Revolução Industrial. Outros defendem que o fenômeno está vinculado às emissões de gases estufa, redução da vegetação e presença de extensas áreas asfaltadas, mas que se restringe às proximidades dos centros urbanos, as chamadas ilhas de calor, e portanto não deve ser estendido à escala global. Controvérsias a parte, pode-se constatar que a dinâmica climática envolve processos extremamente complexos que abrangem interações entre fatores de diversas áreas do conhecimento (química, geologia, biologia, astrofísica, oceanografia, entre outras), cujo estudo interdisciplinar encontra-se em seus primórdios, logo, não se pode assegurar qual das vertentes seria a mais adequada.
                Analisando a abordagem da mídia sobre a questão, observa-se uma promoção excessiva de seus malefícios, o que pode vir a ocultar problemas igualmente alarmantes para o meio ambiente como, por exemplo, a falta de tratamento adequado dos resíduos. No entanto, há alguns dias foi publicado no periódico Nature Climate Change um artigo que aponta uma consequência da elevação da temperatura que pode vir a apresentar aspectos positivos. Trata-se da expansão da vegetação no ecossistema Ártico, decorrente sobretudo da atenuação da diferença entre as temperaturas do inverno e do verão.
                O trabalho Temperature and vegetation seasonality diminishment over northern lands conduzido por 21 pesquisadores de 7 países apresenta dados e imagens de satélite que mostram o quanto as temperaturas mais amenas tem contribuído para o aumento no crescimento das plantas, que de acordo com a pesquisa, chegou a 10% nos últimos 30 anos.  A área pela qual a vegetação se estendeu corresponde a cerca de 700 km, em direção ao norte. Sabe-se que o pólo Norte contém um dos ecossistemas mais frágeis e o mais afetado por alterações climatológicas, pois dispõe de pouca diversidade de espécies, muitas das quais dependem da disponibilidade de gelo para sua sobrevivência. É o caso do urso polar, principal símbolo do aquecimento global, que dependem do gelo marinho para se locomover entre as ilhas do Arquipélago do Ártico. Há também espécies de algas que vivem e se reproduzem nos canais salgados do gelo e constituem a base da cadeia alimentar dos animais marinhos. Além de compreender o equilíbrio do próprio ecossistema, essas mudanças prejudicam a dinâmica climática global e, portanto, a manutenção de seres vivos e paisagens do planeta como um todo.
                Todavia, a ampliação na superfície por vegetação pode abrir espaço para o desenvolvimento de maior diversidade de espécies. Alguns também veem o degelo com outra visão otimista, já que ele pode proporcionar, por exemplo, uma maior acessibilidade aos recursos minerais na Rússia, bem como a implantação de novas rotas marítimas. Contudo, considerando a situação mundial atual, com sua necessidade emergencial de mudanças de paradigmas, essa visão otimista pode ser entendida como retrógrada. O que se pode fazer é se adaptar às alterações naturais que fogem ao nosso controle, e transformar nossos hábitos, de modo a consumir o mínimo, e ainda transmitir esse conhecimento ao próximo, para que haja uma revolução cujos resultados de expressarão nas próximas gerações. Lembrando que a
revolução começa dentro de nós mesmos e cabe a nós plantar as sementes ao próximo.
Nicole Pinotte Rodrigues




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