Compramos produtos nos
supermercados, escolhemos marcas, sabores, entretanto desconhecemos a origem e os
processos pelos quais os alimentos passaram até chegar às prateleiras. A maioria
dos produtos são industrializados e conferem ao consumidor a ideia de ganho de
tempo, uma vez que não requer grandes esforços para o seu preparo, isto é,
quando requer algum preparo.
Se por um lado as tecnologias trouxeram
rapidez, flexibilidade e fluidez, por outro, elas reforçaram a desvinculação entre
experiência, vivencia, produção e consumo, características que refletem o mundo
atual e afetam a vida social e a relação com o meio ambiente.
Hoje em dia, sabemos cada vez
menos sobre o caminho percorrido pelos alimentos até chegar a nossa mesa. Ao
perdermos contato com a produção do mesmo, perdemos também a noção acerca das
exigências de cada planta como, período de plantio e colheita ou tempo de
amadurecimento. Por isso, quando chegamos aos supermercados ou feiras, vemos e
compramos sempre os mesmo produtos, isso porque a produção se da de acordo com
a demanda e não segundo a disponibilidade sazonal de cada alimento. Assim, muitas
pessoas que tenham manga como fruta preferida, por exemplo, querem consumi-las
o ano inteiro, mas desconhecem sua “época” que é dezembro e janeiro. Ou seja,
falta-nos a experiência para que tivéssemos tais conhecimentos.
Já parou para pensar que a
cozinha da casa dos seus avós ou pessoas mais velhas são maiores do que as
cozinhas atuais? Isso pode ser um reflexo da transformação da relação que possuímos
com aquele ambiente que exige paciência, cuidado entre muitas habilidades. Ou
seja, já perdemos a experiência da produção dos alimentos e cada vez mais
estamos perdendo o contato com o seu preparo. Isso pode ser evidenciado pelo aumento
do número de opções de deliverys com
a facilidade de aplicativos de celular, por exemplo, e o aumento de produtos
prontos e semiprontos, enlatados e congelados.
No mesmo cenário, podemos
perceber que muitas crianças não conhecem frutas ou verduras comuns, mas
conhecem bem os alimentos industrializados. Esse é um fenômeno que vem
crescendo tendo em vista, por exemplo, a velocidade exigida aos pais pela
sociedade que os deixa com pouco tempo disponível para repassar aos filhos a
valorização da relação alimentar que envolve produção, preparo e alimentação
saudável. Além disso, as crianças são alvo do mercado de consumo e das
propagandas vinculadas a personagens de desenhos, filmes, grupos musicais,
entre outros, visto que o público infantil é um consumidor em potencial. Essa
temática pode ser observada no documentário “Muito Além do Peso”, disponível no
link abaixo.
Tudo isso revela a nossa perda de
experiência como ato de experimentar e conhecer o processo de construção ou
elaboração de algo. Sendo a experiência necessária para valorização e
perpetuação do patrimônio histórico cultural bem como a relação de
pertencimento à natureza.
O artificial sobrepõe cada vez
mais o natural. As tecnologias propõem maiores facilidades e comodidades a cada
novo dia. Por outro lado, como colocou Walter Benjamin estamos gradativamente “pobres de experiência”, refletindo na qualidade de Vida,
tendo em vista uma visão planetária.
Daniele Bispo
Referencia Bibliográfica
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