Zoológicos são parques públicos onde se mantém animais selvagens para recreação e educação. Mas antigamente, governantes de civilizações mantinham coleções de animais para mostrar seu poder. Os Romanos utilizavam animais vivos para jogos, onde muitos animais eram sacrificados. Touradas e rodeios infelizmente ainda persistem, porém o poder de nossos líderes não é mais demonstrado pela quantidade de animais, mas por suas armas nucleares. Então, por que ainda temos zoológicos?
Todavia, antes de questionarmos a
permanência dos zoológicos, precisamos reconhecer os danos em manter um animal
em cativeiro. Isso implica a retirada do animal da selva e seu confinamento em
ambientes desconhecidos nos quais sua liberdade é restrita. Muitos animais são
afastados de suas famílias e seus vínculos afetivos são cortados. Eles são
obrigados a viver de uma maneira não natural, são privados de conseguir sua
própria comida e desenvolver sua ordem social.
Mas se zoológicos ainda
sobrevivem é porque trazem benefícios a sociedade, como: diversão, educação,
oportunidade para pesquisa científica e a preservação de espécies extintas. De
acordo acordo com Greif (2014), no Brasil existem 110 zoológicos e 13 aquários.
No Estado de São Paulo são 60 empreendimentos, a maior parte dos quais se
encontra denunciado.
Diversão e educação são as
principais razões para que muitas pessoas visitem os zoológicos. Os zoológicos cumprem
uma função socioeducativa, a de ensinar crianças sobre o comportamento de cada
espécie e como ela pode ajudar na proteção do animal. Porém, muitos zoológicos não
obtiveram sucesso nesse sentido. Segundo a PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), em
uma pesquisa feita em Londres no ano de 2014, sociólogos reuniram dados de
crianças entre as idades de 7 a 15 anos, antes e depois que elas visitaram o
zoológico de Londres. Eles descobriram que 58% das crianças que fizeram uma
visita guiada pelo educador do zoológico não tinha resultados educacionais
positivos, esse número aumenta para 66% quando as crianças fizeram uma visita
não guiada e ainda, obteve um impacto negativo na compreensão das crianças com
os animais e seus habitats.
Esse resultado pode nos levar ao
seguinte questionamento: será realmente que existe algum prazer em ver animais
em zoológicos? Em um estudo feito pelo crítico de arte e historiador John
Berger, em seu livro “Sobre o olhar”, ele nos faz questionar sobre o porquê
olhar os animais. Fazendo uma comparação entre zoológicos e galerias de arte. A
jaula seria a moldura em torno do animal e os visitantes ao verem o animal, estariam
parados em frente a um quadro, não admirando a sua essência, mas apenas uma
imagem, observando-se criaturas vivas como se elas estivessem mortas.
O outro argumento a favor dos Zoológicos
seria que estes trazem duas grandes contribuições para um avanço a nível
científico. Eles incentivam pesquisas científicas e ajudam na preservação,
promovendo a reprodução biológica de espécies ameaçadas de extinção. Porém, há
vários questionamentos que não condiz com essas pressuposições. Muitos
zoológicos continuam a tirar mais animais da vida selvagem do que devolvem. A
reprodução de animais em zoológicos não assegura que a espécie é preservada,
pois um animal em cativeiro não conserva a integridade de seu espírito
específico. Segundo a doutora em
filosofia moral, Sônia T. Felipe: cada espécie animal precisa de um espírito
específico, que permita a preservação daquele tipo de vida da forma autônoma.
Ao serem mantidos no cativeiro, os animais apagam pouco a pouco a memória que
constituía seu “espírito” específico. Guardamos, o patrimônio genérico, que é
material biológico e matamos o patrimônio genuinamente “animal” dessas espécies.
Também há muitos animais que não
se adaptam ao cativeiro. Após muitas mortes de chimpanzés entre o século XIX e
o século XX, foi descoberto que chimpanzés são extremamente vulneráveis a
doenças respiratórias humanas, eles podem ficar perturbados mentalmente por
causa do assédio ao público.
É inegável que em nossa sociedade
Zoológicos desempenham a função de entretenimento e diversão para visitantes,
mas será que isso seria uma justificativa para sua permanência? O que você
acha? Não seria o ser humano sujeitando outras espécies para o seu prazer? Ou
uma cultura de passeio em família que deve ser mantida?
Luísa Figueiredo
Referências e fonte
imagem:
R. Inter. Interdisc. INTERthesis,
Florianópolis, v.12, n.1, p.117-129, Jan-Jun. 2015.
JAMIESON, Dale. Contra
Zoológicos.. Título original: Against Zoos. In: ‘In
defense of
animals’.
SINGER, Peter (editor). New York: Basil Blackwell.
Tradução:Daiane
Tramontini. Acadêmica da Faculdade de Direito da UFBA.
http://www.peta.org/blog/next-facebook-share-zoos-usually-educational/
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