7 de agosto de 2016

Zoológicos, ainda precisamos deles?


Zoológicos são parques públicos onde se mantém animais selvagens para recreação e educação. Mas antigamente, governantes de civilizações mantinham coleções de animais para mostrar seu poder. Os Romanos utilizavam animais vivos para jogos, onde muitos animais eram sacrificados. Touradas e rodeios infelizmente ainda persistem, porém o poder de nossos líderes não é mais demonstrado pela quantidade de animais, mas por suas armas nucleares. Então, por que ainda temos zoológicos?

Todavia, antes de questionarmos a permanência dos zoológicos, precisamos reconhecer os danos em manter um animal em cativeiro. Isso implica a retirada do animal da selva e seu confinamento em ambientes desconhecidos nos quais sua liberdade é restrita. Muitos animais são afastados de suas famílias e seus vínculos afetivos são cortados. Eles são obrigados a viver de uma maneira não natural, são privados de conseguir sua própria comida e desenvolver sua ordem social.
Mas se zoológicos ainda sobrevivem é porque trazem benefícios a sociedade, como: diversão, educação, oportunidade para pesquisa científica e a preservação de espécies extintas. De acordo acordo com Greif (2014), no Brasil existem 110 zoológicos e 13 aquários. No Estado de São Paulo são 60 empreendimentos, a maior parte dos quais se encontra denunciado.

Diversão e educação são as principais razões para que muitas pessoas visitem os zoológicos. Os zoológicos cumprem uma função socioeducativa, a de ensinar crianças sobre o comportamento de cada espécie e como ela pode ajudar na proteção do animal. Porém, muitos zoológicos não obtiveram sucesso nesse sentido. Segundo a PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), em uma pesquisa feita em Londres no ano de 2014, sociólogos reuniram dados de crianças entre as idades de 7 a 15 anos, antes e depois que elas visitaram o zoológico de Londres. Eles descobriram que 58% das crianças que fizeram uma visita guiada pelo educador do zoológico não tinha resultados educacionais positivos, esse número aumenta para 66% quando as crianças fizeram uma visita não guiada e ainda, obteve um impacto negativo na compreensão das crianças com os animais e seus habitats.
Esse resultado pode nos levar ao seguinte questionamento: será realmente que existe algum prazer em ver animais em zoológicos? Em um estudo feito pelo crítico de arte e historiador John Berger, em seu livro “Sobre o olhar”, ele nos faz questionar sobre o porquê olhar os animais. Fazendo uma comparação entre zoológicos e galerias de arte. A jaula seria a moldura em torno do animal e os visitantes ao verem o animal, estariam parados em frente a um quadro, não admirando a sua essência, mas apenas uma imagem, observando-se criaturas vivas como se elas estivessem mortas.

O outro argumento a favor dos Zoológicos seria que estes trazem duas grandes contribuições para um avanço a nível científico. Eles incentivam pesquisas científicas e ajudam na preservação, promovendo a reprodução biológica de espécies ameaçadas de extinção. Porém, há vários questionamentos que não condiz com essas pressuposições. Muitos zoológicos continuam a tirar mais animais da vida selvagem do que devolvem. A reprodução de animais em zoológicos não assegura que a espécie é preservada, pois um animal em cativeiro não conserva a integridade de seu espírito específico.  Segundo a doutora em filosofia moral, Sônia T. Felipe: cada espécie animal precisa de um espírito específico, que permita a preservação daquele tipo de vida da forma autônoma. Ao serem mantidos no cativeiro, os animais apagam pouco a pouco a memória que constituía seu “espírito” específico. Guardamos, o patrimônio genérico, que é material biológico e matamos o patrimônio genuinamente “animal” dessas espécies.
Também há muitos animais que não se adaptam ao cativeiro. Após muitas mortes de chimpanzés entre o século XIX e o século XX, foi descoberto que chimpanzés são extremamente vulneráveis a doenças respiratórias humanas, eles podem ficar perturbados mentalmente por causa do assédio ao público.

É inegável que em nossa sociedade Zoológicos desempenham a função de entretenimento e diversão para visitantes, mas será que isso seria uma justificativa para sua permanência? O que você acha? Não seria o ser humano sujeitando outras espécies para o seu prazer? Ou uma cultura de passeio em família que deve ser mantida?

 Luísa Figueiredo
Referências e fonte imagem:

R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.12, n.1, p.117-129, Jan-Jun. 2015.
JAMIESON, Dale. Contra Zoológicos.. Título original: Against Zoos. In: ‘In

defense of animals’. SINGER, Peter (editor). New York: Basil Blackwell.

Tradução:Daiane Tramontini. Acadêmica da Faculdade de Direito da UFBA.
http://www.peta.org/blog/next-facebook-share-zoos-usually-educational/  

 

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