A relação entre a mulher e a
natureza aparece diversas vezes ao longo da história da humanidade, como por
exemplo, na mitologia grega, onde Gaia – ou “Mãe Terra” – criou o universo
sozinha, com o mesmo poder de prover vida que a mulher biologicamente possui.
A partir dessa ligação, a figura
feminina passou a ser associada a tudo aquilo que a maternidade trás:
compaixão, intuição, afeto e cuidado. Dessa maneira, foi atribuído à mulher a
função dos cuidados do lar e da terra, enquanto o homem – forte e com
características mais agressivas e combativas – era responsável pela caça e
pesca. Alguns filósofos adeptos à ecologia profunda afirmam que se os homens
fossem mais próximos às tarefas domésticas teriam uma percepção real da
interdependência da espécie humana com o meio ambiente, diminuindo assim os
impactos socioambientais causados pela espécie humana.
Assim fomos construindo nossa
história e, ao longo dos séculos, foram ocorrendo mudanças significativas nos
estilos de vida dos indivíduos e grupos sociais, sendo que o século XX trouxe
transformações sociais que promoveram rupturas reais e simbólicas em todos nós.
Nessa trajetória, as mulheres
foram tomando vários papéis e identidades. Segundo alguns pensadores os
diversos caminhos que a identidade da mulher tem percorrido através da história
e que têm determinado seus contornos culturais específicos não são casuais, mas
respondem às determinações de um sistema social que os cria, recria e dá forma
na vida cotidiana”.
Nesse sentido, o capitalismo e o
patriarcado são intimamente relacionados: as alterações das relações de
produções trazem por consequência alterações nas relações sociais, sendo as
mulheres expulsas da economia uma vez que apenas os homens eram considerados
para os trabalhos nas fábricas. Com o passar dos anos, a mulher foi
conquistando seus direitos e espaço, mas ainda hoje os cargos de tomadas de
decisão são excludentes em relação ao gênero e raça.
Dentro dessa perspectiva,
gostaria aqui de destacar o papel das mulheres camponesas e
trabalhadoras
rurais. Estas reivindicam o direito à terra, se opondo ao agronegócio com sua
monocultura, denunciando os malefícios tanto à saúde quanto ao meio ambiente
desse método de plantio que visa somente maximizar o lucro.
MURARO, R.M. A mulher no terceiro milênio: uma história da mulher através dos tempos e suas perspectivas para o futuro. Rio de Janeiro, Rosa dos Tempos, 1992. 205 p.
Fonte imagens
facebook.com/MovimentoSemTerra. Autor desconhecido.
Pinterest. Autor desconhecido.
Isso representa um protagonismo
feminino fundamental, remetendo ao que alguns chamam de Ecofeminismo.
O Ecofeminismo, movimento que
alia Ecologia ao Feminismo proposto inicialmente em 1978 na França, aponta que
o sistema patriarcal é a origem da catástrofe socioambiental atual, sendo tanto
a mulher quanto a natureza vistas como submissas ao homem para serem
exploradas. Uma sociedade autossuficiente, descentralizada e auto-organizada
que se oponha aos valores capitalistas e ao conceito de desenvolvimento puramente
econômico é a principal proposta desse movimento.
Dessa forma, a emancipação das
mulheres e a solução a crise socioambiental dependem de uma mudança na
estrutura e organização da sociedade, lutando individualmente ou em conjunto
aos movimentos sociais contra o seu opressor comum: o capitalismo patriarcal.
Sheyla Pulido
Referencias MURARO, R.M. A mulher no terceiro milênio: uma história da mulher através dos tempos e suas perspectivas para o futuro. Rio de Janeiro, Rosa dos Tempos, 1992. 205 p.
Pinterest. Autor desconhecido.
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