8 de março de 2017

A Mulher e a Terra

A relação entre a mulher e a natureza aparece diversas vezes ao longo da história da humanidade, como por exemplo, na mitologia grega, onde Gaia – ou “Mãe Terra” – criou o universo sozinha, com o mesmo poder de prover vida que a mulher biologicamente possui.

A partir dessa ligação, a figura feminina passou a ser associada a tudo aquilo que a maternidade trás: compaixão, intuição, afeto e cuidado. Dessa maneira, foi atribuído à mulher a função dos cuidados do lar e da terra, enquanto o homem – forte e com características mais agressivas e combativas – era responsável pela caça e pesca. Alguns filósofos adeptos à ecologia profunda afirmam que se os homens fossem mais próximos às tarefas domésticas teriam uma percepção real da interdependência da espécie humana com o meio ambiente, diminuindo assim os impactos socioambientais causados pela espécie humana.
Assim fomos construindo nossa história e, ao longo dos séculos, foram ocorrendo mudanças significativas nos estilos de vida dos indivíduos e grupos sociais, sendo que o século XX trouxe transformações sociais que promoveram rupturas reais e simbólicas em todos nós.

Nessa trajetória, as mulheres foram tomando vários papéis e identidades. Segundo alguns pensadores os diversos caminhos que a identidade da mulher tem percorrido através da história e que têm determinado seus contornos culturais específicos não são casuais, mas respondem às determinações de um sistema social que os cria, recria e dá forma na vida cotidiana”.
Nesse sentido, o capitalismo e o patriarcado são intimamente relacionados: as alterações das relações de produções trazem por consequência alterações nas relações sociais, sendo as mulheres expulsas da economia uma vez que apenas os homens eram considerados para os trabalhos nas fábricas. Com o passar dos anos, a mulher foi conquistando seus direitos e espaço, mas ainda hoje os cargos de tomadas de decisão são excludentes em relação ao gênero e raça.

Dentro dessa perspectiva, gostaria aqui de destacar o papel das mulheres camponesas e
trabalhadoras rurais. Estas reivindicam o direito à terra, se opondo ao agronegócio com sua monocultura, denunciando os malefícios tanto à saúde quanto ao meio ambiente desse método de plantio que visa somente maximizar o lucro.
Isso representa um protagonismo feminino fundamental, remetendo ao que alguns chamam de Ecofeminismo.

O Ecofeminismo, movimento que alia Ecologia ao Feminismo proposto inicialmente em 1978 na França, aponta que o sistema patriarcal é a origem da catástrofe socioambiental atual, sendo tanto a mulher quanto a natureza vistas como submissas ao homem para serem exploradas. Uma sociedade autossuficiente, descentralizada e auto-organizada que se oponha aos valores capitalistas e ao conceito de desenvolvimento puramente econômico é a principal proposta desse movimento.
Dessa forma, a emancipação das mulheres e a solução a crise socioambiental dependem de uma mudança na estrutura e organização da sociedade, lutando individualmente ou em conjunto aos movimentos sociais contra o seu opressor comum: o capitalismo patriarcal.

Sheyla Pulido
Referencias
MURARO, R.M. A mulher no terceiro milênio: uma história da mulher através dos tempos e suas perspectivas para o futuro. Rio de Janeiro, Rosa dos Tempos, 1992. 205 p.

 Fonte imagens
facebook.com/MovimentoSemTerra. Autor desconhecido.
Pinterest. Autor desconhecido.

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