9 de fevereiro de 2015

INSERÇÃO DA QUÍMICA VERDE EM LABORATÓRIOS DE ENSINO E PESQUISA


     O conceito Química Verde está associado ao "desenvolvimento e implementação de produtos químicos e processos para produzir ou eliminar o uso ou geração de substâncias nocivas à saúde humana e ao ambiente". [1] Em sua maioria, os laboratórios de ensino e pesquisa nas universidades possuem apenas normas relacionadas ao gerenciamento de descartes de resíduos químicos, pouco se é discutido sobre a prevenção de produtos que venham ser tóxicos, utilização de substâncias alternativas e aproveitamento destes descartes para outros experimentos. Desta forma, torna-se necessário o estudo da Química Verde, principalmente, porque é necessário analisar e avaliar novas metodologias que reduzam os impactos ambientais.
     Alguns pesquisadores deste ramo definem os principais princípios da Química Verde em doze tópicos, no qual, é defendido que para a implementação desta química autossustentável em qualquer laboratório é necessário que estes pontos sejam seguidos a risca [1]: 

1. PREVENÇÃO DE RESÍDUOS QUÍMICOS. 
Após a geração do resíduo, tratá-lo torna-se mais difícil, por isso, evite! 

2. ECONOMIA DE ÁTOMOS. 
Buscar novas metodologias sintéticas que maximize o agregue todos os materiais de partida no produto final. 

3. SÍNTESE DE PRODUTOS MENOS PERIGOSOS. 
Não esquecer: sempre que possível, a síntese de qualquer produto químico deve utilizar e obter substâncias que não ofereçam nenhum risco à saúde humana e ao ambiente. 

4. PRODUTOS SEGUROS. 
As substâncias químicas utilizadas devem, além de realizar a função esperada, não serem tóxicas. 

5. SOLVENTES E AUXILIARES MAIS SEGUROS. 
Evitar o uso de produtos químicos auxiliares (solventes, agentes de separação, secantes e outros.) e se, realmente, for necessário à utilização, estes devem ser inócuos. 

6. BUSCA PELA EFICIÊNCIA DE ENERGIA. 
Se possível, os experimentos químicos devem ser conduzidos à temperatura e pressão ambientes, pois é necessário reconhecer os impactos ambientais e econômicos na utilização de energia para estes processos. 

7. USO DE FONTES RENOVÁVEIS DE MATÉRIA-PRIMA. 
Utilize sempre a técnica economicamente mais viável e lembrar que as utilizações dos produtos do experimento devem ser escolhidas em detrimento de fontes não renováveis. 

8. EVITAR A FORMAÇÃO DE DERIVADOS. 
Uso de grupos bloqueadores, proteção/desproteção, modificação temporária por processos físicos-químico e outros, devem ser evitadas ou minimizadas, devido estes estágios requerer reagentes adicionais e gerar resíduos químicos. 

9. CATÁLISE. 
Reagentes catalíticos, quando bem selecionados, são melhores que reagentes estequiométricos. 

10. DEGRADAÇÃO. 
Prefira utilizar produtos químicos que ao terminar a sua função, se fragmentem em produtos de degradação inócuos e não continuem no ambiente. 

11. ANÁLISE EM TEMPO REAL PARA A PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO. 
Criação e desenvolvimento de metodologias analíticas que viabilizem o controle e o monitoramento dos processos químicos em tempo real, antes da formação de substâncias tóxicas, a fim de evitá-las. 

12. QUÍMICA INTRINSECAMENTE SEGURA PARA A PREVENÇÃO DE ACIDENTES. 
Todas as substâncias químicas presentes em um laboratório devem ser bem escolhidas a fim de evitar acidentes, principalmente, vazamentos, explosões e incêndios. 

     Levando-se em consideração esses pontos, será que é possível segui-los em um laboratório de ensino e pesquisa? A discussão de situações reais e hipotéticas em que poderiam ser inseridos o conceito de Química Verde geram muitas dúvidas, e consequentemente, há quem defenda que não é possível seguir a risca os dozes tópicos. Entretanto, o importante é não se esquecer das questões ambientais quanto à diminuição de substâncias tóxicas, periculosidade e contaminação, quando realizar um experimento, principalmente, se ele gerar resíduos químicos. 

Ingrid Ferreira Costa

Bibliografia: [1] LENARDAO, Eder João et al. "Green chemistry": os 12 princípios da química verde e sua inserção nas atividades de ensino e pesquisa". Quím. Nova [online]. 2003, vol.26, n.1, pp. 123-129. ISSN 0100-4042. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-40422003000100020.

Bibliografia da Imagem: <http://s5.static.brasilescola.com/img/2012/09/quimica-verde.jpg> Acesso em: 28/01/2015 às 15h30.

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